Nove testemunhas de defesa e uma de acusação foram ouvidas nesta terça-feira (14) na segunda audiência de instrução e julgamento do caso Henry Borel.
A sessão foi acompanhada pelo ex-vereador Jairinho e pela mãe do menino, Monique Medeiros. Os dois são réus pela morte da criança de quatro anos, em março, e se encontraram pela primeira vez desde que foram presos.
A primeira a falar foi a cabeleireira Tereza Cristina dos Santos, que atendeu Monique cerca de um mês antes da morte de Henry. Ela reafirmou o que disse no depoimento à polícia de que ouviu duas conversas da mãe da criança ao telefone. Em uma delas, a babá de Henry teria gravado o menino mancando após supostas agressões.
Henry também teria perguntado à mãe se ele a atrapalhava e ela teria respondido que não. Depois, Monique teria feito outra ligação, em que pediu para que o interlocutor não despedisse a babá de Henry e não dissesse ao menino que ele atrapalhava a mãe. A cabeleireira disse que, a princípio, não estranhou o diálogo e que Monique continuou o tratamento normalmente.
O conselheiro do Tribunal de Contas do município Thiago Ribeiro, que trabalhou com Jairinho por nove anos na Câmara Municipal do Rio, também prestou depoimento. Segundo ele, Jairinho sempre foi carinhoso e gostava de brincar com crianças. O conselheiro ainda afirmou que, até hoje, não consegue entender o que aconteceu e que o possível crime não condiz com a figura que conhecia.
A tia do ex-vereador Herondina Fernandes disse que o sobrinho tratava Henry bem. Jairinho estava na mesma casa que ela quando foi preso. Henrondina contestou a acusação de que Jairinho teria tentado jogar o celular pela janela para se desfazer de provas.
Durante o depoimento do deputado estadual Coronel Jairo, pai de Jairinho, o ex-vereador e a mãe do menino se emocionaram. Jairo se apresentou como testemunha da mãe de Henry, negou que o casal brigasse muito e afirmou que todos eles tinham uma convivência harmoniosa. Jairo ainda afirmou que deixar os dois presos seria uma injustiça.
Após um intervalo de 1h30, a então assessora de Jairinho, Cristiane Isidoro, prestou depoimento como testemunha de defesa do político. Durante a sessão, ela disse que ajudou nos trâmites do sepultamento do menino. A assessora afirmou que viu o corpo de Henry no hospital e identificou apenas uma ferida no nariz, sem a presença aparente de outros hematomas. Segundo ela, Monique Medeiros estava muito abalada com a situação. Cristiane também negou que tenha sido feita uma faxina no apartamento do casal antes da chegada da polícia.
Quando questionada sobre quando o caso começou a ser tratado como homicídio dentro da família, ela disse que foi a partir da divulgação dos prints da conversa com a babá e que havia ouvido de Monique que, se ela soubesse que Jairinho tinha matado Henry, ela mesmo mataria Jairinho com as próprias unhas.
O filho mais velho de Jairinho, Luís Fernando Abidu, foi a sétima pessoa a ser ouvida. Ele afirmou que Jairinho é o melhor amigo dele e que o político sempre foi uma referência de carinho, sempre foi um exemplo.
Antes, a mãe de Luís Fernando, Fernanda Abidu, afirmou que Jairinho é uma das pessoas mais gentis que já conheceu, que sempre foi muito atencioso e nunca gritou com o filho dela. Para ela, foi construída uma imagem de Jairinho que não existe.
As últimas testemunhas a prestarem depoimento foram o ex-motorista de Jairinho Rogério Baroni e a empregada Leila Rosângela. A primeira fase da audiência aconteceu em outubro, quando foram ouvidas dez testemunhas de acusação. O interrogatório dos réus só deve acontecer no ano que vem, em uma audiência que ainda não tem data marcada.