Walderez de Barros fala sobre a importância do teatro: “Utilidade pública”

A atriz destacou a capacidade do teatro de aprofundar discussões e debates de maneira única, diferenciando-o de outros meios

Da Redação

Em uma entrevista exclusiva ao programa "Do Bom e do Melhor" da Rádio Bandeirantes, conduzida por Danilo Gobato, a atriz e produtora Walderez de Barros compartilhou sua visão sobre a relevância do teatro na sociedade e sua trajetória artística. Aos 83 anos, a atriz traz uma bagagem de mais de quatro décadas de atuação.

A artista expressou sua gratidão e surpresa com o carinho que recebe do público, especialmente pelos trabalhos teatrais. “Eu nunca imaginei o alcance do trabalho da gente, sabe? Principalmente quando é só teatro. Fico muito comovida com isso, porque o trabalho está tendo repercussão. Não é bem vaidade, porque não é elogio o que busco, é o feedback, é saber que de alguma maneira meu trabalho está sendo útil e necessário”, disse. 

“Teatro é uma coisa de utilidade pública”, afirmou. A atriz destacou a capacidade do teatro de aprofundar discussões e debates de maneira única, diferenciando-o de outros meios como a televisão. 

“Na televisão, acho que fica ali no raso e o teatro no profundo. Não desmerecendo a televisão, porque ela tem seu papel, mas no teatro você tem o espaço e o lugar onde pode realmente aprofundar qualquer debate. Essa é a qualidade do teatro. Se você faz a coisa superficialmente, é mau teatro, porque não está usando a ferramenta que tem para ser usada”, explicou.

Como Walderez de Barros começou a atuar?

Nascida em Ribeirão Preto, no dia 31 de outubro de 1940, Walderez de Barros se formou em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), onde começou a atuar no teatro estudantil. Sua trajetória no teatro profissional iniciou-se em 1963 com o espetáculo "Onde Canta o Sabiá", marcando o início de uma carreira que se estenderia por décadas, incluindo participações significativas na televisão.

A atriz relembrou sua juventude e os tempos de faculdade, mencionando como a política e o fervor cultural da época influenciaram sua decisão de seguir carreira artística. “Na [rua] Maria Antônia, a coisa fervia. O mundo estava lá e de repente eu ficava trancada numa sala de aula estudando Kant. Não tinha nada a ver e comecei a sair da sala de aula e ir para a rua. Eu achava que era meu dever estar lutando com quem estava lutando, tentando evitar a ditadura, que aconteceu logo em seguida”, contou.

Walderez falou sobre o CPC (Centro Popular de Cultura), um braço dos partidos de esquerda, cujo objetivo era levar arte e cultura para as periferias e trabalhadores. Foi nesse ambiente que ela se envolveu com o teatro de maneira mais profunda. “

O objetivo era levar essa arte para periferia, para estudantes, operários, enfim, popularizar a arte. E com isso criava vários núcleos que faziam essa arte e apresentavam para os operários e estudantes”, explicou.

Apesar do sucesso, seus pais quase não a viram no teatro:  A minha mãe morreu muito jovem, então ela não chegou a ver a maioria do meu trabalho. O meu pai nunca me viu no teatro, disse.

A trajetória de Walderez de Barros não se limitou ao teatro. Na televisão, ela fez sua estreia na Rede Tupi, aos 28 anos, na novela "Beto Rockefeller", considerada a primeira novela moderna brasileira. Durante sua passagem pela emissora, participou de várias novelas de sucesso como "Simplesmente Maria", "O Machão" e "Papai Coração". 

Posteriormente, integrou o elenco da TV Globo, onde trabalhou em produções icônicas como "O Rei do Gado", "Laços de Família", "O Clone", "Mulheres Apaixonadas" e muitas outras.

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