A prefeitura de Campinas acusa cidades da região e até de outros estados de enviarem moradores de rua à força para o município e, por isso, está lançando a 'Operação Retorno', uma ação de mandar de volta essas pessoas para seus locais de origem. O prefeito Dário Saadi conversou com a Rádio Bandeirantes na manhã desta sexta-feira e explicou como é feito o transporte contra a vontade dos moradores de rua e como será o projeto.
"O último Censo mostrou que 30% das pessoas em situação de rua em Campinas eram de Campinas. O restante, 70%, eram de outras cidade. Nós observamos que, infelizmente, muitas prefeituras mandavam as pessoas em situação de rua pra Campinas e ainda mandam. Não é justo que outras cidades mandem para cá pessoas em situação de rua tirando essas pessoas, muitas vezes, do convívio dos amigos nas cidades de origem, no convívio dos familiares, e nós vamos já estamos acionando o Ministério Público para que tome essas medidas judiciais", afirmou.
"Nós estamos fazendo essa operação de retomada dos vínculos e acionando as cidades que mandam as pessoas para cá contra a própria vontade. Não é só a cidade pequena, não. Temos cidades médias, de outros estados. Eles mandam de ônibus, tem cidade que dá até um folheto com orientações, claro que sem timbre da cidade. Eles falam: 'Vai para Campinas, toma sua passagem e vai para Campinas'. Tratar o ser humano dessa forma é uma maneira desumana. Então as cidades que a gente tem comprovação, que a pessoa em situação de rua relata isso, que veio pra cá contra a própria vontade, nós estamos representando essas cidades", disse.
Dário disse que, segundo o último Censo, existem aproximadamente 950 moradores de rua em Campinas e que 10 cidades já foram notificadas por ter enviado essas pessoas à força, sem citar os nomes dos municípios acusados. "Colocamos quase 100 guardas municipais no centro da cidade não para correr atrás de pessoas em situação de rua, nada disso, mas para evitar que essas pessoas fiquem à mercê do tráfico. A Cracolândia deve ser o cenário ideal para traficante. Concentra o consumidor tudo no local e o tráfico não precisa nem andar, fica ali só fazendo fornecimento para aquele povo. É uma situação extremamente desumana, uma coisa horrorosa".
O prefeito de Campinas disse ainda que tem ouvido reclamações de moradores com o aumento de moradores de rua nos últimos meses e negou as acusações de higienismo com a ação. "Muita gente fala aqui, principalmente pessoas que moram e que são comerciantes do centro: 'Prefeito, dá o troco. Põe esse povo no ônibus, ou em uma van, ou em um carro, e devolve para essas cidades'. Mas nós vamos fazer as coisas dentro da lei", afirmou. "Quem me chamar de genista, está totalmente enganado".
