O boletim Focus desta segunda-feira (20) aponta um aumento nas previsões de inflação e da taxa básica de juros (Selic) tanto para o final de 2023 quanto para 2024.
O documento semanal do Banco Central que consolida as projeções de mercado financeiro prevê agora uma inflação de 3,8% para este ano e de 3,74% para o próximo, Embora ainda dentro da meta do governo, os números demonstram uma tendência de alta.
O Banco Central recentemente ajustou a taxa Selic de 10,75% para 10,3%, um corte menor do que o esperado, refletindo a percepção de maior dificuldade em controlar a inflação.
Esta decisão gerou divisões internas no Comitê de Política Monetária (Copom), com debates sobre a intensidade do corte necessário. Apesar das divergências no comitê, há um consenso sobre a necessidade de desacelerar os cortes na taxa de juros, com a possibilidade de interrupção futura caso a inflação persista em níveis elevados.
Enchentes no Sul e situação norte-americana
Um dos fatores que contribuem para esse cenário é a influência externa, especialmente a política monetária dos Estados Unidos. O dólar mais pressionado e as incertezas globais afetam diretamente a economia brasileira.
Internamente, a inflação de alimentos também tem sido mais alta do que o esperado, agravada por fatores climáticos e eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul, que impactam tanto a produção agrícola quanto o Produto Interno Bruto (PIB).
As projeções indicam uma queda de 0,4% no PIB brasileiro devido à tragédia gaúcha, mas os analistas ainda discutem sobre o impacto inflacionário direto.
Enquanto alguns acreditam que o Banco Central pode estar exagerando na dose de cautela, outros apontam que a pressão inflacionária interna e externa justifica uma postura mais conservadora.
Essa divisão entre os membros do Copom reflete uma situação econômica complexa e incerta. A dificuldade em prever os efeitos exatos das variáveis econômicas torna a tarefa de estabilizar a inflação ainda mais desafiadora.
Com previsões de juros mais altos, o boletim Focus sugere que o caminho para a redução da inflação será mais longo e árduo do que o inicialmente esperado.
Os analistas apontam que a recuperação dos preços até o final do ano é incerta. A expectativa é de um possível equilíbrio, mas sem garantias de que não haverá novos picos inflacionários.