Entenda por que Brasil tem previsão de alta de inflação para o final deste ano

Especialistas divergem quanto aos impactos, mas número demonstram tendência de alta, puxados principalmente pelo dólar pressionado nos Estados Unidos

Da redação

Entenda por que Brasil tem previsão de alta de inflação para o final deste ano
Tendência de alta na inflação brasileira reflete dólar pressionado nos EUA
Reuters/Marcos Brindicci

O boletim Focus desta segunda-feira (20) aponta um aumento nas previsões de inflação e da taxa básica de juros (Selic) tanto para o final de 2023 quanto para 2024.  

O documento semanal do Banco Central que consolida as projeções de mercado financeiro prevê agora uma inflação de 3,8% para este ano e de 3,74% para o próximo, Embora ainda dentro da meta do governo, os números demonstram uma tendência de alta.

O Banco Central recentemente ajustou a taxa Selic de 10,75% para 10,3%, um corte menor do que o esperado, refletindo a percepção de maior dificuldade em controlar a inflação.  

Esta decisão gerou divisões internas no Comitê de Política Monetária (Copom), com debates sobre a intensidade do corte necessário. Apesar das divergências no comitê, há um consenso sobre a necessidade de desacelerar os cortes na taxa de juros, com a possibilidade de interrupção futura caso a inflação persista em níveis elevados.

Enchentes no Sul e situação norte-americana

Um dos fatores que contribuem para esse cenário é a influência externa, especialmente a política monetária dos Estados Unidos. O dólar mais pressionado e as incertezas globais afetam diretamente a economia brasileira.

Internamente, a inflação de alimentos também tem sido mais alta do que o esperado, agravada por fatores climáticos e eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul, que impactam tanto a produção agrícola quanto o Produto Interno Bruto (PIB).

As projeções indicam uma queda de 0,4% no PIB brasileiro devido à tragédia gaúcha, mas os analistas ainda discutem sobre o impacto inflacionário direto.  

Enquanto alguns acreditam que o Banco Central pode estar exagerando na dose de cautela, outros apontam que a pressão inflacionária interna e externa justifica uma postura mais conservadora.

Essa divisão entre os membros do Copom reflete uma situação econômica complexa e incerta. A dificuldade em prever os efeitos exatos das variáveis econômicas torna a tarefa de estabilizar a inflação ainda mais desafiadora.  

Com previsões de juros mais altos, o boletim Focus sugere que o caminho para a redução da inflação será mais longo e árduo do que o inicialmente esperado.

Os analistas apontam que a recuperação dos preços até o final do ano é incerta. A expectativa é de um possível equilíbrio, mas sem garantias de que não haverá novos picos inflacionários. 

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