Sistema do SUS mostra aplicação de 26 mil vacinas vencidas da AstraZeneca

Belém e Maringá dizem que imunizantes foram aplicados dentro do prazo e que há erro no sistema

Da redação com BandNews FM

Um levantamento do jornal Folha de S.Paulo com dados do Ministério da Saúde mostrou que foram aplicadas 26 mil doses vencinas da vacina AstraZeneca. Os imunizantes foram usados em 1.532 cidades de todo o país.  

De acordo com o jornal, 113.976 doses vencidas seguem nos estoques e ainda não foram descartadas.  

O Ministério da Saúde diz que "nenhuma dose de vacina é entregue aos estados e Distrito Federal vencida. A pasta acompanha rigorosamente todos os prazos de validade das vacinas Covid-19 recebidas e distribuídas pela pasta".

A pasta afirma, entretanto, que cabe às secretarias de Saúde de estados e municípios monitorar os imunizantes depois da entrega. "Segundo a orientação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses. O vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local", diz a nota.

Confira os lotes e veja se a sua vacinação foi feita fora da data de validade:

4120Z001 - 29.mar

4120Z004 - 13.abr

4120Z005 - 14.abr

CTMAV501 - 30.abr

CTMAV505 - 31.mai

CTMAV506 - 31.mai

CTMAV520 - 31.mai

4120Z025 - 4.jun

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirma que "orienta os municípios sobre a aplicação da vacinação contra a Covid-19 e a importância da verificação da data de validade antes do uso do frasco de uma vacina".

A prefeitura de São Paulo afirma que todas as vacinas aplicadas estavam dentro da validade. “Dentro desse protocolo, a data de validade de todos os imunizantes passa por uma tripla checagem: no recebimento, na distribuição e na aplicação da vacina, inclusive, com a apresentação do frasco ao munícipe. Neste momento, o município está fazendo um rastreamento nas mais de 7 milhões de doses aplicadas, com a revisão de todos os lotes e vacinas cadastradas, inclusive para a eventual detecção de eventuais falhas no momento do cadastro no sistema”, diz a nota.

Belém e Maringá, que aparecem como duas das cidades que mais aplicaram doses vencidas dizem que o problema pode ser o sistema do SUS e negam que tenham vacinado pessoas com imunizante fora do prazo de validade.

"O lançamento no Sistema Conect SUS está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento", explica Marcelo Puzzi, secretário da Saúde de Maringá.

A Secretaria de Saúde de Belém alega o mesmo problema. "Podemos garantir que nenhuma dose de imunizante vencido foi aplicada em Belém. Temos um rigoroso controle de estoque em nossa câmara fria. Entretanto, é possível que tenha havido erros nos registros, especialmente nas primeiras etapas da campanha de vacinação em massa, quando as anotações eram feitas manualmente em fichas de papel e posteriormente digitadas no SIPNI", diz em nota.

Vacinas vencidas não devem fazer mal à saúde das pessoas

O infectologista Júlio Croda tranquiliza as pessoas e entende que a vacinação com imunizante fora do prazo de validade não é extremamente problemática e que não deve prejudicar muito a eficácia do imunizante.

Ele cita que o monitoramento é importante, assim como o acompanhamento das pessoas que tomaram duas doses de fabricantes diferentes, mas reforça que não existe uma recomendação de uma terceira dose.

A ex-coordenadora do Programa Nacional de Vacinação, Carla Domingues, também fez uma fala tranquilizadora, mas pede monitoramento. 

“Não vejo como um risco à saúde das pessoas, não há um prazo muito longo desse vencimento. Vai ter que avaliar o prazo de cada lote para que as prefeituras definam se a gente vai ter que fazer uma revacinação”, diz Carla Domingues.

Segundo ela, se a pessoa foi vacinada próxima ao vencimento, talvez não seja preciso tomar uma nova dose. Domingues sugere que se faça um cruzamento dos lotes vencidos com a data de aplicação para tomar as providências devidas.

A Anvisa explica que não tem responsabilidade sobre o fluxo de imunização e que só avalia a qualidade das vacinas dentro do prazo de validade. A Agência diz que não recebeu “pedido de análise sobre a ampliação do prazo de validade da vacina da AstraZeneca ou foi consultada sobre a aplicação do produto fora do prazo definido em bula”.

A Fiocruz afirma que não produziu os lotes de vacinas vencidas. A fundação diz que os imunizantes em questão foram importados do Instituto Serum da Índia. “Todas as doses das vacinas importadas da Índia (Covishield) foram entregues pela Fiocruz em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o Ministério da Saúde”, escreve a fundação em seu site.

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