Senado instala CPI da Braskem para investigar afundamento do solo em Maceió

Comissão será presidida pelo senador Omar Aziz, sem definição do relator. CPI deve começar em fevereiro de 2024

Da Redação, com Agência Senado

Visão aérea da mina 18 da Braskem, em Maceió
Reprodução/Governo de Alagoas

O Senado instalou nesta quarta-feira (13) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o afundamento de solo provocado pela extração de sal-gema em Maceió, no Alagoas. 

A CPI da Braskem, nome em alusão à empresa responsável pela extração do mineral em Maceió, terá como presidente da Comissão o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) na vice-presidência.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que a CPI só iniciará seus trabalhos após fevereiro de 2024. Segundo ele, os nomes de Omar Aziz e Kajuru foram escolhidos em reunião prévia com os líderes.

A CPI atende a um requerimento apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), assinado por 46 senadores e lido em Plenário em 24 de outubro. Com 11 titulares, o colegiado terá 120 dias para concluir seus trabalhos e disporá de um orçamento de R$ 120 mil reais.

Os parlamentares divergiram quanto à escolha do futuro relator da CPI. O senador Eduardo Gomes (PL-TO) afirmou que espera um relator autônomo e isento da presidência da Comissão. Para o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), a escolha de um nome que não seja do seu estado dará mais credibilidade às investigações.

Como o problema começou

O risco apresentado pelas minas de sal-gema em Maceió já é conhecido há vários anos.

O minério, utilizado para a produção de soda cáustica e PVC, começou a ser extraído da região no final da década de 1970, pela então Salgema Indústrias Químicas S/A, em minas localizadas a cerca de 1.200 metros abaixo da superfície.

Para retirar o minério, a empresa injetava água na camada de sal e extraía a salmoura resultante. Depois, reinjetava líquidos no local para estabilizar o solo. Porém, as minas apresentaram vazamentos.

Em 2018, grandes rachaduras começaram a aparecer no bairro do Pinheiro e tremores de terra foram registrados. No ano seguinte, um órgão do governo federal, o Serviço Geológico do Brasil, confirmou que as minas de sal-gema estavam provocando a instabilidade.

Há, no total, 35 minas na capital alagoana, que foram desativadas em 2019.
Desde junho de 2019, mais de 14 mil imóveis de cinco bairros de Maceió tiveram que ser desocupados devido à instabilidade do solo, criando ruas fantasmas onde antes moravam 55 mil pessoas.

A Braskem vem realizando intervenções para tentar estabilizar as cavernas criadas para extração do minério, mas, em novembro, cinco tremores de terra foram registrados na região.

Empresa multada

O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) decidiu multar a Braskem em mais de R$ 72 milhões por omissão de informações, danos ambientais e pelo risco de colapso e desabamento da mina 18. A entidade afirma que desde 2018 já autuou a empresa em 20 ocasiões.

A primeira multa, no valor de R$ 70.274.316,34, diz respeito à degradação ambiental decorrente de atividades que, direta ou indiretamente, afetam a segurança e o bem-estar da população e geram condições desfavoráveis para as atividades sociais e econômicas.

O IMA caracterizou a nova ocorrência de colapso da mina como reincidência, uma vez que um estudo anterior realizado pela entidade já havia constatado dano ambiental na região da mina 18.

"Além dessa autuação, a Braskem vai responder também pela omissão de informações sobre a obstrução da cavidade da mina 18, detectada no dia 7 de novembro de 2023, quando a empresa realizou o exame de sonar prévio para o início do seu preenchimento", informou o instituto.

A realização do exame de sonar estava em desconformidade com a licença de operação da empresa, o que resultou na aplicação de uma multa de R$ 2.027.143,92.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.