Roberto Carlos lamenta morte de Erasmo: “Meu ídolo por tudo”

Parceria de Roberto Carlos e Erasmo Carlos na música rendeu mais de 500 composições

Da redação

Roberto Carlos usou sua conta no Instagram para lamentar a morte do amigo e parceiro na música Erasmo Carlos, aos 81 anos.

Minha dor é muito grande, nem sei como dizer tudo o que eu penso desse meu amigo querido, meu grande irmão. Meu ídolo por tudo, pela sua lealdade, sua inteligência, sua bondade, por tudo o que eu conheço dele.

Um ser humano maravilhoso esse meu irmão. É um privilégio para mim ter um amigo, um irmão assim por todos esses anos .Difícil encontrar palavras para falar desse cara: o meu amigo Erasmo Carlos. Ele viverá sempre em meu coração.

Que o nosso Deus de bondade o proteja e o abençoe sempre
Amém, amém, amém

Erasmo Carlos morreu após ser internado em estado grave no hospital no Hospital Barra D’or, no Rio de Janeiro.

O artista, de 81 anos, já tinha sido internado em outubro no mesmo hospital. Ele tinha um quadro de edema e recebeu alta em 2 de novembro. Com isso, o cantor teve que adiar os eventos que realizaria nos Estados Unidos.

Carreira

Carioca, Erasmo era filho de mãe solteira e só conheceu o pai quando já tinha 23 anos. Ainda criança, conheceu Tim Maia, que ainda era Sebastião, com quem aprendeu violão e de quem ficou amigo na adolescência, quando os dois se apaixonaram pelo tal do rock 'n' roll.

Juntos, os dois fundaram o The Sputiniks, a banda que tinha aquele que seria o grande parceiro de Erasmo: Roberto Carlos. Inclusive, Erasmo incluiu Carlos no nome em homenagem ao amigo. Com o fim do grupo, formou o The Boys of Rock, mais tarde The Snakes, que acompanhou os dois cantores em seus shows solos.

A dupla ao longo das décadas seguintes faria sucessos como Detalhes, Além do Horizonte, Se Você Pensa, As Curvas da Estrada de Santos, Emoções, É Proibido Fumar, entre um repertório conjunto de cerca de 400 músicas em quase seis décadas, pelas contas do próprio Erasmo.

Ao lado amigo e de Wanderléa, comandou o programa Jovem Guarda, que de 1965 a 1968 na TV Record apresentou aos brasileiros o iê-iê-iê, o movimento cultural influenciado pelos Beatles que mudou a juventude da época.

Foi ali que Erasmo ganhou o apelido de Tremendão. Minha Fama de Mau, a canção que depois virou nome de sua autobiografia, em 2009, e do filme sobre sua vida com Chay Suede vivendo o cantor, já mostrava porque Erasmo, que tinha 1,93 metro, também era chamado de o Gigante Gentil.

Sucessos desde os anos 70

Nos anos de 1970, Erasmo absorveu influências do soul e do movimento hippie e deu uma leve guinada em sua música, que já aparece no álbum Carlos, Erasmo em 1971. Depois vieram Sonhos e Memórias, Projeto Salva Terra e Banda dos Contentes e Pelas Esquinas de Ipanema.

O cantor entrou na década de 1980 com Erasmo Convida, com 12 canções interpretadas ao lado de nomes como Tim Maia, Rita Lee, Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, e Jorge Ben, entre outros.

É de 1984 Close, que ficou conhecida como Dá Um Close Nela, homenagem a Roberta Close, transexual famosa na época e primeira a estampar a capa da revista Playboy no país. Erasmo, que compôs a música com Roberto, gravou um clipe, considerado um marco.

Na estreia do Rock in Rio, Erasmo foi injustamente vaiado pela plateia, que estava ali para verr Whitesnake, Iron Maiden e Queen. Anos depois contou que não percebeu a divisão entre tribos na música - e se apresentou outras vezes no evento.

O Tremendão, que nos 1990 lançou apenas dois álbuns, aboliu de seu repertório uma de suas canções de sucesso, Homem de Rua, que era tema do personagem de Guilherme de Pádua em De Corpo e Alma, a trama de Glória Perez. Quando o ator e sua mulher, Paula Thomaz, assassinaram Daniella Perez, ele nunca mais cantou a música em respeito à jovem e sua mãe.

Morte da amada

Em 1995, Erasmo sofreu um grande golpe, a morte da amada Narinha. Os dois estavam separados há quatro anos, e ela se matou ingerindo cianeto um dia após o Natal. Em 2001, Erasmo lançou Pra Falar de Amor, que trazia interpretações de canções também de Kiko Zambianchi e Marcelo Camelo, além de um dueto com Marisa Monte e Carlinhos Brown.

O primeiro DVD ao vivo veio em 2002, e, em 2004, foi a vez de Santa Música, álbum com 12 composições solo suas. Em 2007, o público ganhou Erasmo Convida, Volume II com canções suas e de Roberto e uma lista de convidados que tinha Skank, Los Hermanos, Lulu Santos, Marisa Monte e Milton Nascimento, entre outros. Em 2009, lançou Rock 'n' Roll, com novas parcerias, e em 2010 perdeu a disputa para um samba-enredo da Beija-Flor, que no ano seguinte homenagearia Roberto. Em 2011 veio o álbum Sexo e, em 2014 ,Gigante Gentil, que venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro.

Morte do filho

No mesmo ano, Erasmo levou outro duríssimo golpe, com a morte do filho Alexandre Pessoal, o Gugu, então com 40 anos. Em 2018, Erasmo recebeu o Grammy Latino: Prêmio Excelência Musical da Academia Latina de Gravação, e ganhou também da União Brasileira dos Compositores, o prêmio de Compositor Brasileiro do Ano. No cinema, Erasmo fez Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa, Roberto Carlos a 300 km por Hora. Em 2018, voltou às telas em 2018 com Paraíso Perdido, ao lado de Hermilla Guedes.

Em 2020, estreou na Netflix em “Modo Avião”, filme estrelado por Larissa Manoela no qual vivia o avô da personagem dela, uma figura um pouco rabugenta, mas de coração enorme. O cantor, que se casou com Fernanda, 49 anos mais nova, em 2019, foi homenageado em 2021 com o documentário Erasmo 80, produzido por Pedro Bial e equipe de seu programa.

Em novembro de 2022, ele ainda venceu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa, pelo disco O Futuro Pertence à... Jovem Guarda.

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