O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse neste sábado (14) em coletiva de imprensa que a ação movida pelo governo de São Paulo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministério é “descabida”. Ele afirmou que o estado tem recebido as vacinas prometidas e falou em “má-fé” por parte do governador João Doria.
“Apesar de ser um direito buscar a Justiça, entendo que é uma ação descabida. De certa maneira, é até uma litigância de má-fé por parte do Executivo do estado de São Paulo. Do ponto de vista prático, eles estão anunciando uma tal Virada da Vacina, que eu nem sei o que significa. Como vão vacinar pessoas de 18 a 20 anos se não tem vacina? Tem vacina, sim. Tem recebido vacina, sim. Agora, eu, como ministro da Saúde, tenho que assegurar a equidade na distribuição de vacinas [entre os estados]”, afirmou Queiroga.
Ao citar a "Virada da Vacina", o ministro fez referência ao evento realizado neste final de semana na capital paulista para incentivar a imunização de jovens de 18 a 21 anos. Ao todo, são esperadas 600 mil pessoas.
Queiroga falou com a imprensa em Brasília durante uma cerimônia de lançamento de um plano nacional de testagem em massa. O ministro ainda provocou e sugeriu que o estado de São Paulo tem ficado com mais doses da CoronaVac, vacina contra covid-19 produzida pelo Instituto Butantan, que outras unidades da federação.
“São Paulo retirou do Butantan doses a mais. Isso é fácil de demonstrar. Nós queremos nos entender na esfera administrativa. Buscar a Justiça é uma falha do processo de diálogo que acontece na tripartite. Só quem está reclamando é esse estado. E os outros? É uma prova de que o Ministério da Saúde tem adotado a conduta correta em relação à distribuição de vacinas. Mas vamos ao Poder Judiciário apresentar as razões do ministério acerca da distribuição dessas 200 milhões de doses."
Ação do governo contra o ministério
O governo de São Paulo entrou com uma ação no STF contra o Ministério da Saúde na última sexta-feira (13). A petição questiona a mudança de critérios na distribuição de vacinas contra o novo coronavírus adotada pela pasta, que deixou de ser de acordo com a proporcionalidade da população e passou a ser de maneira equânime. A ideia é que todos os estados terminem a imunização ao mesmo tempo.
Segundo o governo paulista, a mudança foi abrupta e sem aviso prévio, motivo pelo qual não teve tempo de se adaptar.
Durante a semana, o ministério admitiu que mais de 9 milhões de doses estavam na central de distribuição, em Guarulhos, e justificou que as vacinas que vêm de outros países, como a da Pfizer, precisam passar por um controle quando chegam ao Brasil e que a dificuldade em conseguir informações dos laboratórios estaria causando atraso nos repasses.