Primeiro Jornal

Jornalista brasileira é perseguida por iranianos no Catar: 'Noite desesperadora'

Domitila Becker conta que a agressão aconteceu durante a partida entre Estados Unidos e Irã válido pela Copa do Mundo. 'Estou com medo por essas mulheres'

Da redação

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A jornalista brasileira do SBT e do portal Uol, Domitila Becker, que está no Catar para a cobertura da Copa do Mundo, vivenciou uma experiência “desesperadora” na cobertura do jogo entre Estados Unidos e Irã na última terça-feira (29). Em relato publicado em rede social, ela disse, visivelmente emocionada, ter sido perseguida por torcedores iranianos. 

“Que noite desesperadora. ‘Não podemos misturar futebol com política’, eles dizem. Fala isso na cara de uma mulher que não consegue parar de tremer depois de ter sido cercada e agredida por um bando de “torcedores”. Fala isso para um pai que não pode segurar as lágrimas ao explicar como os filhos de seis e nove anos foram ameaçados dentro de um estádio. Fala, se você conseguir achar uma torcedora iraniana que não está com medo de ser morta”, desabafou a jornalista em rede social. 

Domitila Becker conta que se direcionou para o local onde estava a torcida do Irã no estádio Al Thumama para tentar conversar com as mulheres iranianas para ver como elas torciam e para ter um relato de como está a situação do país. 

"Na torcida, as pessoas começaram a me perseguir. Para onde eu ia, eles iam me acompanhando, começaram a tirar foto minha, das pessoas que eu estava conversando e do meu crachá", contou em vídeo publicado no Instagram. Segundo ela, uma mulher informou que não poderia dar entrevista, mas que passou o contato para a jornalista, e disse que estava sendo vigiada. 

"A maioria das pessoas que estão aqui são enviadas do governo do Irã para fiscalizar o que está sendo dito. Eu peguei o contato de mais uma menina, que estava com a bandeira de protesto escondida e estava com medo de tirar da mochila. Mas, ao mesmo tempo, ela me falou que precisava fazer isso pelas mulheres que já foram mortas por esse regime e pela liberdade delas, que valeria a pena correr esse risco", disse a jornalista. 

Na saída do estádio, Domitila diz que um grupo de homens cercou uma menina, que estava sangrando e diz: "Eles pegaram meu telefone e agrediram a gente".

"Eu estou com medo real por essas mulheres que vieram aqui e que estão protestando pela vida e família delas", desabafou a jornalista. 

Domitila Becker entrevista um casal de iranianos que moram em outro país, no relato deles o homem conta que a mulher foi agredida e procuraram a polícia do Catar. "'Se você está usando uma camisa que os provoca, o que você esperava?' Aparentemente é assim que funciona no Catar", disse o rapaz. A jornalista pergunta à mulher se ela está bem e se está machucada. "Eu estou bem fisicamente, mas emocionalmente não estou bem". 

"Eles falam que é só um jogo de futebol. 'Por que você não fica feliz? Por que você não relaxa?' Eu estava na minha, não iria fazer mal a ninguém, mas eles não conhecem os direitos humanos, eles não sabem que tenho o direito de me posicionar. De acordo com a Fifa, vale tudo, menos política. Mulheres, vida e liberdade não é sobre política, é sobre direitos humanos", finalizou a iraniana.

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