Cinco meses do desaparecimento das crianças no Rio de Janeiro

São mais de 150 dias sem nenhuma resposta. Dias de sofrimento, de angústia e de esperança

Da Redação, com 1º Jornal

O desaparecimento dos meninos de Belford Roxo, no Rio de Janeiro, já completou mais de cinco meses sem resposta. A Defensoria Pública acompanha o caso e tem reuniões uma vez por mês com os responsáveis pelas investigações. A reportagem especial é de Yasmin Bachour, no 1º Jornal

Já são mais de 150 dias sem nenhuma resposta. Dias de sofrimento, de angústia e de esperança. A mistura de três sentimentos que cercam três mães que não sabem como e nem porque os filhos desapareceram. 

Era domingo, 27 de dezembro de 2020, quando Lucas Matheus, de oito anos, Alexandre da Silva, de 10, e Fernando Henrique, de 11 anos, foram vistos pela última vez. Por volta de 13h40, eles aparecem em imagens de câmeras de segurança, caminhando num bairro vizinho a comunidade do Castelar, onde moram, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. 

A gravação só consegue registrar até o momento em que eles andam até o final da rua e viram à esquerda. Os três estariam indo a feira Areia Branca, que acontece na região. Antes, os primos Lucas Matheus e Alexandre tinham saído para brincar em uma quadra de futebol que fica perto do condomínio, onde moram. 

Na quadra, se encontraram com Fernando, onde de lá, os três seguiram juntos para a feira, como mostram as imagens. Depois, não se sabe o que aconteceu. O Ministério Público e a Polícia Civil do Rio de Janeiro acreditam que os três possam ter sido capturados neste trajeto. 

As imagens já tinham sido analisadas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, responsável pelo caso, mas por conta da qualidade, os agentes não conseguiram fazer a identificação dos meninos, o que só foi possível a partir do laboratório da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia do Ministério Público, que deu mais nitidez e melhorou a qualidade das imagens.

A Polícia analisou ainda mais de 40 imagens de câmeras de segurança espalhadas pela região. Em nenhuma delas eles aparecem. As informações recebidas pelo Disque Denúncia foram repassadas para investigação, mas até agora nenhuma levou ao paradeiro das crianças.

Um vizinho da família chegou a ser incriminados por traficantes para despistar a investigação. O homem foi torturado e a família dele expulsa da comunidade. Ele chegou a ser levado à Delegacia pela família, mas a participação dele foi descartada. 

No dia 21 de maio, uma operação da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense prendeu 16 pessoas. A investigação identificou criminosos que formariam um tribunal do tráfico na comunidade. Eles também são investigados por participação no desaparecimento das três crianças. A ação, entretanto, não trouxe novas pistas sobre o paradeiro das crianças e, cinco meses depois, as famílias continuam sem respostas. 

A principal linha de investigação é de que os meninos pegaram uma gaiola de pássaros de um bandido e também acabaram sentenciados pelo tribunal do tráfico, mas até que se prove o contrário, a Polícia ainda trata o caso como desaparecimento. 

Sem conclusão, as próprias famílias se mobilizaram diversas vezes para tentar encontrá-los. Cartazes foram divulgados e manifestações também foram feitas na porta da Delegacia. O caso está sendo acompanhado também pela Defensoria Pública do Estado que, uma vez por mês se reúne com o delegado responsável pelas investigações.

Uma campanha da Secretaria de Estado de Polícia Civil espera ajudar a esclarecer não só este, mas outros casos de desaparecimento. Entre os dias 14 e 18 de junho, a instituição vai coletar amostra de DNA de familiares de pessoas desaparecidas em 13 postos de coleto em todo o estado do Rio. 

O material coletado será cruzado com o banco de perfis genéticos de pessoas desaparecidas e de cadáveres não identificados. O MP informou que a 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal especializada dos Núcleos Duque de Caxias e Nova Iguaçu, segue com as investigações em conjunto com a DHBF. 

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