Apesar das seguidas ondas de calor vividas no país a partir de novembro, o interesse dos brasileiros por aquecimento global neste ano correspondeu a apenas 8% do momento de mais buscas pelo assunto, que aconteceu em 2007.
Naquele ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório que atraiu muita atenção pública ao apontar o aquecimento global como o principal problema ambiental do planeta, com consequências dramáticas.
Apesar dos dados climáticos serem piores hoje em dia do que o previsto no documento, o interesse brasileiro pelo aumento da temperatura global em 2023 foi menos de 1/10 daquele registrado em 2007.
Os dados são do Google Trends, plataforma que indica o volume de buscas. Veja o gráfico completo aqui:
O documento do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) concluiu que mais de 1 bilhão de pessoas poderiam sofrer com a falta de água a partir de 2020 e que as populações mais pobres do mundo seriam as mais afetadas pelos efeitos do aquecimento global.
Em 2023, os dados reais são mais graves. Segundo estudos da ONU de março deste ano, 2 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável - mais de um quarto da população global. O problema deve atingir até 2,4 bilhões de pessoas até 2050.
O documento dizia que, até o fim deste século, a temperatura da Terra poderia subir de 1,8ºC – na melhor das hipóteses – até 4ºC. Neste ano, a temperatura dos últimos doze meses já deve fechar em 1,4°C acima dos níveis pré-industriais (período de 1850-1900).
O ano mais quente da história
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), 2023 será o ano mais quente da história, superando 2016, o mais quente até então.
Em entrevista ao Bora Brasil sobre o assunto, o meteorologista Francisco Diniz avaliou que o aquecimento global se soma a outros fatores (assista ao vídeo abaixo).
“Todos os oceanos estão aquecidos. Teve uma contribuição do El Niño, forçando o aumento de temperatura em grande parte do globo, principalmente na América do Sul, África e Austrália”, explicou.
O El Niño, além de ajudar a elevar a temperatura, altera a regularidade das chuvas. Mais ao norte do Brasil, causa estiagem. No sul, muita chuva. Apenas no Rio Grande do Sul, cerca de 70 pessoas morreram em tempestades e inundações em 2023.