Número de testamentos registrados em cartórios aumenta 41% no Brasil

Os estados em que a procura mais aumentou foram Amazonas, Mato Grosso e Goiás e, em números absolutos, São Paulo teve a maior quantidade de testamentos formulados

Giovanna De Boer, da Rádio Bandeirantes

Com as incertezas geradas pela pandemia, cresceu o interesse pela formulação de testamentos no Brasil. O número de testamentos registrados em cartórios de todo país até junho deste ano teve aumento de 41% em relação ao mesmo período de 2020.

Esse é o documento em que uma pessoa expressa o que deseja que seja feito com o patrimônio caso venha a falecer. Uma das razões para o aumento da procura é a pandemia, afirma Daniel Paes de Almeida, presidente da seção São Paulo do Colégio Notarial do Brasil, entidade que reúne os tabeliães do país.

“A pandemia em si acabou fazendo com que as pessoas tivessem uma curiosidade para entender como que é partilhado o patrimônio após o falecimento. Quando as pessoas começam a se interessar por esse assunto elas automaticamente se reparando com o testamento, que é o documento adequado para se fazer esse planejamento. Atribuo a pandemia o fato de ter tido o aumento de testamentos”, explicou Almeida. 

O próprio o Presidente do Colégio Notarial do Brasil da Seção São Paulo fez um testamento este ano. Casado e com uma filha de quatro anos, Daniel fez um testamento indicando a destinação de 75% do patrimônio para a esposa.

“Muitas pessoas jovens às vezes contraindo Covid-19 e ficando em uma situação delicada não dá tempo para fazer esse planejamento. Hoje a minha filha está com quatro anos e eu prefiro que fique com minha esposa. Se daqui 20 anos, eu estiver aqui posso mudar e dividir na proporção de 50% para cada”, disse. 

De janeiro a junho deste ano foram 17.538 registros, contra 12.374 no mesmo período do ano passado. Os estados em que a procura mais aumentou foram Amazonas, Mato Grosso e Goiás e, em números absolutos, São Paulo teve a maior quantidade de testamentos formulados. Foram 5.335.

O Presidente do Colégio Notarial do Brasil da Seção São Paulo, Daniel Paes de Almeida, exemplifica como o documento funciona na prática. “A pessoa é casada e tem dois filhos. Como é divido o patrimônio se não fizer testamento? Um terço para cada filho e um terço para o cônjuge. Para que serviria em uma família como essa? Para modificar a forma de como isso seria dividido”, explicou. 

O testamento só tem validade após a morte de quem assinou o documento e, em vida, a pessoa pode alterar quantas vezes achar necessário.

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