Ministra da Agricultura admite preocupação com risco de desabastecimento no Brasil em 2022

Tereza Cristina falou sobre possível crise na oferta de fertilizantes e causas da alta do preço dos alimentos à Rádio Bandeirantes

Da redação, com Rádio Bandeirantes

Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, admitiu uma “preocupação” com o risco de desabastecimento no Brasil no fim de 2022 por causa de uma crise na oferta de fertilizantes, em alerta que foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro na última semana. Bastante dependente das importações, o Brasil compra de fora cerca de 20% do que usa na produção nacional, com destaque para o potássio.

Em entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes nesta segunda-feira (11), Tereza Cristina disse que se formou uma “tempestade perfeita”, com problemas na produção em fábricas da China e das sanções econômicas internacionais aplicadas na Bielorrússia, que são grandes fornecedores do insumo.

“A pandemia desarrumou a economia mundial. Nós temos aí muitas variáveis que nos preocupam e a gente vem acompanhando isso muito de perto. Fertilizantes para esse ano e para a ”safrinha", que começa a partir do fim de janeiro, isso está praticamente garantido porque os produtores já se anteciparam, já compraram e fizeram seus pedidos", disse.

Um alento é que a safra que está sendo plantada neste momento não sofrerá impacto porque os insumos já estão praticamente garantidos.

A ministra explica que o problema será para a safra 2022/23, que começa a ser preparada em setembro. Tereza Cristina afirmou que o governo trabalha para tentar evitar que faltem fertilizantes.

Alta no preço dos alimentos

Tereza Cristina afirmou que o preço dos alimentos continua alto em todo o mundo como reflexo econômico da pandemia, que causa o aumento do dólar, além da maior oferta de mercados do exterior.

Indagada se o governo não poderia fazer alguma coisa para forçar uma queda no mercado interno, ela descartou adotar uma reserva para o mercado interno e que a solução passa por induzir o aumento da produção.

A ministra da Agricultura admitiu também que o preço da carne vermelha está alto demais, o que derrubou o consumo para o menor nível em 25 anos, o que faz as pessoas consumirem mais carne suína, ovos e produtos mais baratos, por exemplo.

Fatores como aumento das exportações e desvalorização do real estão entre as causas mas, de acordo com Tereza Cristina, já há uma redução no valor da arroba bovina, de R$ 330 para R$ 265, mas que ainda não se refletiu nos preços praticados nos supermercados.

“Primeiro, nós temos que trabalhar na manutenção do abastecimento. A não ser que a gente tenha uma catástrofe climática, o que eu não acredito, os indicadores de chuva mostra que nós teremos seca sim, mas teremos chuvas suficientes para produzir. Como o Brasil é um continente, as vezes a gente tem algumas perdas pontuais em alguns estados, mas a gente acaba compensando em outras regiões”, analisou.

Brasil na Cúpula do Clima

A ministra projetou a participação do Brasil na Cúpula do Clima (COP 26) das Nações Unidas, em Glasgow, na Escócia, no início de novembro. O agronegócio brasileiro e a política ambiental do governo, principalmente sobre a preservação da Amazônia, sofrem fortes críticas da comunidade internacional, o que trava a assinatura de livre comércio da União Europeia com o Mercosul por pressão de países como França e Alemanha.

“Existe uma má vontade enorme conosco. Nós temos problemas? Claro que temos, eles [os europeus] também têm grandes problemas a serem resolvidos internamente. E o problema deles é mais difícil e mais caro a ser resolvido porque são as emissões [de gases] porque trabalham com [combustíveis] fósseis, petróleo, carvão”, pontuou, dizendo que a Europa tem muito a ganhar com o acordo comercial com o bloco.

Tereza Cristina garantiu que grande parte da agricultura brasileira é "altamente sustentável", mas admitiu que o maior problema ambiental do Brasil é o desmatamento ilegal, mas vê esses números caindo, mas “não na proporção desejada”, e que os diferentes ministérios do governo atuam para combater a prática nos seis biomas brasileiros, citando investimentos para fortalecer o Ibama.

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