Mais Médicos: governo quer acelerar a convocação de profissionais para indígenas

Ministério da Saúde estuda recrutar médicos, formados no Brasil ou no exterior, para atenderem pacientes em terras indígenas

Da redação

Povo Yanomami passa por caos na saúde pública
Condisi-YY/Divulgação

Devido à crise de saúde no território indígena dos ianomâmis, o Ministério da Saúde estuda acelerar um edital do programa “Mais Médicos” para recrutar profissionais, formados no Brasil ou exterior, para atuarem nos Distritos Sanitários Indígenas (Dsei) de maneira permanente.

A medida é uma das ações da Sala de Situação, criada nessa sexta-feira (20), para apoiar ações de enfrentamento à desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami.

“Tínhamos um edital só para brasileiros. Só em seguida que faríamos um edital para brasileiros formados no exterior e, depois, para estrangeiros. Frente à necessidade de levarmos assistência à população dos distritos indígenas, especialmente aos ianomâmis, queremos fazer um edital em que todos se inscrevam de uma única vez”, explicou o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes.

Segundo o secretário, com o edital único, quando esgotarem as vagas para brasileiros, aquelas remanescentes automaticamente irão para os brasileiros formados no exterior. Persistindo a vacância, as vagas irão para estrangeiros que queiram participar, de modo que haja um processo mais célere. A ideia é otimizar o trabalho e suprir o atendimento nos distritos indígenas.

Segundo o governo, o Dsei Yanomami é um dos que mais carece de médicos entre os territórios indígenas. Apenas 5% das vagas foram ocupadas. Por isso, segundo a Secretaria de Atenção Primária, há a necessidade de um novo edital formulado já a partir desta semana.

O programa

A Medida Provisória que criou o “Mais Médicos” foi assinada em 2013, ainda no governo de Dilma Rousseff. O programa objetiva levar médicos, formados no Brasil ou no exterior, além de estrangeiros, para regiões onde há escassez ou ausência desses profissionais.

A crise 

Ao longo da semana, denúncias surgiram de que crianças da etnia Yanomami apresentavam quadro de desnutrição, parte disso decorrente da contaminação dos rios devido ao garimpo ilegal, conforme informaram autoridades do governo federal. No último sábado (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi à região e anunciou medidas.

Segundo o governo, pelo menos 570 crianças ianomâmis morrerem nos últimos quatro anos, diz postagem do governo federal nas redes sociais, publicada ainda ontem. O Ministério dos Povos Indígenas, chefiado por Sônia Guajajara, contabilizou cerca de 100 óbitos do mesmo grupo etário somente em 2022. Durante a visita, Lula classificou o que viu como “desumano”.

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