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Na ONU, Lula fala de desigualdade, mudanças climáticas e cobra países ricos

Presidente discursou na abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (19). Veja os principais pontos abordados pelo petista

Da Redação

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez o discurso de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (19), em Nova York, nos Estados Unidos. Na declaração, o petista falou sobre o aumento da desigualdade, combate à fome, mudanças climáticas e cobrou os países ricos. 

No plenário da Assembleia, Lula discursou para líderes mundiais e, também, membros da comitiva presidencial, como os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, e de ministros como Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Nísia Trindade (Saúde) e Marina Silva (Meio Ambiente). 

O principal tema abordado por Lula durante o discurso foi a desigualdade. Segundo ele, o mundo está “cada vez mais desigual” e lembrou que o combate à fome foi o tema central do primeiro discurso que fez na assembleia, porém, atualmente, cerca de 735 milhões de pessoas “vão dormir sem saber se terão o que comer amanhã".

“O mundo está cada vez mais desigual. Os dez maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe”, declarou Lula. Segundo ele, para vencer a desigualdade, “falta vontade política daqueles que governam o mundo”. 

Democracia 

Lula também falou sobre democracia durante discurso na Assembleia Geral. Ele afirmou que a democracia garantiu que o Brasil superasse o ódio, a desinformação e a opressão. Para ele, a esperança venceu o medo. 

Nossa missão é unir o Brasil e reconstruir um país soberano, justo, sustentável, solidário, generoso e alegre. O Brasil está se reencontrando consigo mesmo, com nossa região, com o mundo e com o multilateralismo. Como não me canso de repetir, o Brasil está de volta”, pontuou. 

Desigualdade 

O petista afirmou que a comunidade internacional está mergulhada em crises múltiplas e simultâneas: pandemia da Covid-19, crise climática, insegurança alimentar e energética, segundo ele, ampliadas por crescentes tensões geopolíticas. 

“O racismo, a intolerância e a xenofobia se alastraram, incentivadas por novas tecnologias criadas supostamente para nos aproximar. Se tivéssemos que resumir em uma única palavra esses desafios, ela seria desigualdade. A desigualdade está na raiz desses fenômenos ou atua para agravá-los”, reforçou. 

Desenvolvimento sustentável 

“A mais ampla e mais ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento, a Agenda 2030, pode se transformar no seu maior fracasso. Estamos na metade do período de implementação e ainda distantes das metas definidas”, afirmou Lula. 

Ele afirmou que parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento. “O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado”, declarou. 

“Reduzir as desigualdades dentro dos países requer incluir os pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais ao seu patrimônio”, pontuou. Segundo ele, o Brasil está comprometido a implementar os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, de maneira integrada e indivisível. 

Mudanças climáticas 

“Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas. Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima”, disse. 

Lula declarou que a emergência climática torna urgente a correção dos rumos e a implementação do que já foi acordado. “Não é por outra razão que falamos em responsabilidades comuns, mas diferenciadas. São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pela mudança do clima. Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera”, pontuou. 

Para ele, o Brasil já provou e vai provar de novo que modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível. “Estamos na vanguarda da transição energética, e nossa matriz já é uma das mais limpas do mundo, 87% da nossa energia elétrica provém de fontes limpas e renováveis”, reforçou. 

“A geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel cresce a cada ano. É enorme o potencial de produção de hidrogênio verde. Com o Plano de Transformação Ecológica, apostaremos na industrialização e infraestrutura sustentáveis”, afirmou. 

Cobrança aos países ricos 

“Sem a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade. A promessa de destinar 100 bilhões de dólares – anualmente – para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa. Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares”, reforçou Lula. 

Amazônia 

“Ao longo dos últimos oito meses, o desmatamento na Amazônia brasileira já foi reduzido em 48%. O mundo inteiro sempre falou da Amazônia. Agora, a Amazônia está falando por si”, afirmou.

O petista lembrou que o Brasil sediou a Cúpula Amazônia e os membros do bloco lançaram uma nova agenda de colaboração entre os países que fazem parte do bioma. “Somos 50 milhões de sul-americanos amazônidas, cujo futuro depende da ação decisiva e coordenada dos países que detêm soberania sobre os territórios da região”, declarou. 

Liberdade de imprensa

“É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima. Nossa luta é contra a desinformação e os crimes cibernéticos. Aplicativos e plataformas não devem abolir as leis trabalhistas pelas quais tanto lutamos”, pontuou. 

Conselho de Segurança 

“O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade. Essa fragilidade decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime. Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia”, criticou Lula. 

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