Justiça decide se motorista que matou Marina Harkot irá a júri popular

A vítima tinha 28 anos e era cicloativista e pesquisadora sobre mobilidade urbana

Por Ana Paula Rodrigues

A Justiça de São Paulo decide nesta segunda-feira (21) se o motorista que atropelou e matou a cicloativista Marina Harkot irá a júri popular.

O crime ocorreu na noite de 8 de novembro de 2020. Marina Harkot pedalava de volta para casa pela Avenida Paulo XI, na zona oeste de da capital paulista, quando foi atingida pelo carro do empresário José Maria Junior.

O motorista fugiu do local, se apresentou à polícia dois dias depois do atropelamento e afirmou que não parou por medo de ser assaltado.

Marina chegou a ser atendida, mas não resistiu. A vítima tinha 28 anos e era cicloativista e pesquisadora sobre mobilidade urbana.

Maria Kholer, mãe de Marina, diz que espera um desfecho com justiça para o caso da filha. “Mesma história da Marina, o motorista estava bêbado e não prestou socorro. É inadmissível isso. Os casos de assassinatos de ciclistas vêm aumentando muito e as famílias ficam destruídas. A gente espera, de fato, que seja encaminhado para júri popular para que a gente tenha uma resposta concreta sobre esse caso”, disse.  

A investigação da Polícia Civil revelou circunstâncias recorrentes em crimes de trânsito. O carro dirigido por José Maria Junior foi encontrado com o vidro da frente quebrado em um estacionamento. Funcionários do local relataram que o condutor parecia alcoolizado.

Imagens do elevador de um prédio mostraram José Maria sorridente ao lado de uma mulher. Câmeras da CET registraram que o carro dirigido pelo empresário passou a mais de 90 km/h pela via onde ocorreu o atropelamento, que tinha máxima de 50 km/h.

Com base nisso, a Justiça de São Paulo reclassificou o crime como homicídio doloso, quando há a intenção de matar. Nesta segunda-feira (21), a Justiça decide se haverá ou não júri popular para o caso.

José Miguel da Silva Jr, advogado do motorista, explica que a defesa vai tentar converter o crime em busca de uma pena menor ou absolvição. Para isso, vai tentar retirar das provas a incriminação de consumo de álcool.

“Não tem um laudo, não tem absolutamente nada comprovando, e é nesse viés e nessa vertente que a gente vai trabalhar justamente para a desclassificação. A defesa trabalha com a desclassificação para homicídio culposo. Ninguém nega que ele atropelou a Marina”, afirma o advogado. 

A mãe de Marina afirma que a família não vai desistir. “A dor da perda dela é imensurável. A perda dela não tem reparo, mas a gente quer que a justiça seja feita. A gente vai lutar por isso até o final”, disse.  

A pena para quem é condenado por homicídio culposo no trânsito dobrou nos últimos anos e varia de 5 a 8 anos, o que garante que pelo menos parte da condenação seja cumprida na cadeia.

Vídeo: acidentes com ciclistas: atropeladores estão em liberdade

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