Julgamento da boate Kiss tem depoimento de reús e debates de advogados

Membros da banda, sócio da casa e advogados falaram sobre a tragédia que matou 242 pessoas

Da Redação, com Bandnews FM

O julgamento da Boate Kiss entrou reta final. Depois que as testemunhas foram ouvidas, a quinta-feira (9) ficou marcada por depoimentos de 3 reús. Depois ainda teve debates entre promotores e advogados. Esse é o 9º dia consecutivo de trabalho no tribunal.

Depoimentos dos sócios da boate Kiss

Elissandro Spohr, um dos sócios da boate, foi o primeiro a depor, um dia antes, na quarta-feira (8). Ele ficou alterado e chorou.

Mauro Hoffman, outro sócio da boate, deu depoimento nesta quinta-feira (9). Ele disse não se considerar dono, pois nem tinha as chaves do estabelecimento. Por isso alega que não tinha poder nas decisões: “Eu nunca quis ter a chave. Me ofereceram. Eu tendo chave algum dia alguém pode me chamar para vir aqui. Não é o nosso combinado.”

O ex-sócio contou que, logo que entrou na sociedade, afirmou a Kiko, proprietário do local e réu no julgamento, que não tinha tempo para estar completamente focado na Kiss. Ele entrou no negócio em dezembro de 2011.

“Eles precisavam prender alguém. Ninguém prende por crime culposo. E aí eles criaram uma narrativa de coisas para poder prender alguém. Porque eles iam acalmar a situação e eles realmente acalmaram. Eu fiquei quatro meses preso, na ala dos principais bandidos”, disse Mauro.

Depoimentos de membros da banda

Na sequência falou Luciano Bonilha, produtor da banda Gurizada Fandangueira, que acionou o artefato pirotécnico e iniciou o incêndio. Ele afirmou ter comprado os fogos usados. Mas diz não ter sido avisado pelo vendedor sobre o risco de utilizar o produto em ambientes internos. Bonilha disse ser apenas um ajudante de palco da banda. Mas acrescentou que, se for para tirar a dor deles, está pronto para ser condenado.

“Esses pais são legítimos de lutarem por justiça pelos filhos deles. Eu tenho minha consciência tranquila de que não foi o meu ato que causou essa tragédia. Mesmo eu sabendo que eu sou inocente e sou uma vítima, para tirar a dor dos pais, eu estou pronto, me condene. Mesmo eu sabendo. Mas que tire a dor dos pais e que não seja simplesmente uma injustiça que está acontecendo comigo".

No início do incêndio, conforme o relato de Luciano, foi utilizado um extintor para tentar apagar o foco. O equipamento estava sem lacre, parecia vazio e não funcionou.

Luciano relatou que já havia participado de outros shows da banda com uso de fogos no local. Emocionado, ele relembrou a saída da casa noturna e contou que achava que iria morrer.

Luciano cogitou entrar na Associação de Vítimas e Familiares da tragédia, mas entende que não seria bem-vindo.

Novamente, familiares de vítimas deixaram o plenário emocionados ao final do depoimento. Alguns precisaram de atendimento médico. Luciano Bonilha Leão respondeu aos questionamentos apenas do juiz e da sua banca de defesa, por cerca de uma hora.

Por fim falou o vocalista Marcelo dos Santos. Ele disse que escondeu dos seus chefes suas sequelas pulmonares por ter medo de ficar sem emprego.

Última fase do julgamento

A etapa atual do julgamento deve durar pelo menos 9 horas. É a vez dos debates entre a acusação e as defesas. 

Inicialmente a acusação falou durante cerca de 2 horas e meia. Os promotores pediram que os réus sejam condenados por dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

Depois houve um intervalo e começou a manifestação dos advogados de defesa. Os promoteres terão direito de pedir réplica na sequência. 

Depois de todo este processo, o caso será analisado pelo Conselho de Sentença, formado por 7 pessoas.

Vídeo: veja na íntegra os depoimentos de Luciano Bonilha, Mauro Hoffman e Marcelo dos Santos

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