Suspeito de atos golpistas chamou Jordy de “meu líder” em troca de mensagens

Casa e gabinete do deputado Carlos Jordy, aliado de Bolsonaro, foram alvos de busca e apreensão autorizadas por Alexandre de Moraes

Da redação

Em busca de suspeitos de terem financiado e incentivado os ataques do 8 de janeiro, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão. Um dos alvos é o deputado Carlos Jordy (PL). No Rio de Janeiro, a corporação cumpriu 10 mandados de busca e apreensão.

Após as buscas na casa, no Rio, e no gabinete de Jordy, em Brasília, o deputado se apresentou para prestar depoimento sobre o suposto envolvimento dele com pessoas que incentivaram e participaram dos atos criminosos em 8 de janeiro.

No gabinete dele, na Câmara, foram apreendidos documentos, computador e celulares. Na casa dele, uma arma, computadores, tablets e R$ 1 mil.

As ações da PF foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também autorizou a quebra dos sigilos telefônico e telemático do parlamentar.

Mensagens suspeitas

Segundo as investigações, havia vínculo entre Jordy e um apoiador identificado como Carlos Victor, também com a intenção de ordenar a prática de crimes contra a democracia.

Os delegados da PF identificaram uma mensagem em que Victor chama o parlamentar de “meu líder”, seguida da pergunta: “Qual o direcionamento que você pode me dar? Tem poder de parar tudo”. Jordy responde: "Fala irmão, tá podendo falar aí?”.

Essa conversa aconteceu no dia 1º de novembro de 2022, logo depois da eleição, quando começaram os bloqueios ilegais em rodovias de todo o país. No total, foram identificadas 627 mensagens trocadas entre Jordy e Victor.

Sustentação da PF

A PF sustenta que Jordy repassava material para pelo menos 15 grupos de Whatsapp em que circulavam mensagens que, segundo os investigadores, seriam de ataque à democracia. Agora, o material apreendido será periciado com foco especial nessas mensagens, com áudios e vídeos, inclusive os que foram apagados.

O objetivo das autoridades é cruzar as informações com as de réus dos atos de 8 de janeiro para determinar se Jordy esteve envolvido diretamente com pessoas que atacaram as sedes dos três poderes.

O Ministério Público afirma que o deputado, “além de orientar um grupo expressivo de pessoas, tinha poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”.

O que diz Jordy

Jordy negou qualquer relação com os suspeitos. Ele é pré-candidato à prefeitura de Niterói, no Rio de Janeiro. Próximo à família Bolsonaro, o parlamentar está no segundo mandato na Câmara Federal.

“Eles dizem que há mensagens minhas com pessoas, que eu seria um mentor, um articulador do 8 de janeiro e de bloqueio de estradas. Mentira! Mentira” É uma pesca probatória e, óbvio, tem viés político”, disparou Jordy.

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