Para o zelador Aparecido Vieira Ursolino Filho, o sentimento é de ansiedade. A emoção avançava a cada instante em que se aproximava o momento da cirurgia que mudará a vida do personagem principal desta segunda reportagem da série especial “Corrida pela Vida”, exibida no Jornal da Band.
Na edição desta sexta-feira (14), a repórter Amanda Martins mostra o grande dia para Aparecido, o da cirurgia dele. Para o paciente e doadora Bruna Vieira, filha do zelador, quanto mais rápido for o procedimento, melhor.
Os médicos que operarão os dois são especialistas em transplante hepático. A equipe já fez quase 2 mil transplantes.
“Nós vamos retirar, completamente, o fígado dele e fazer o implante parcial do lobo direito da filha no receptor. Essa operação é bastante complexa. Necessita de um cuidado bem intensivo cirúrgico neste momento”, explicou o médico Eduardo Fernandes.
Equipe composta por 7 cirurgiões
A equipe concluiu que o fígado de Bruna está saudável. A notícia significa que, enfim, Aparecido poderá ir ao centro cirúrgico, onde a junta médica é composta por sete cirurgiões, quatro anestesistas e dois instrumentadores. Em geral, o procedimento dura entre 6 e 8 horas. A equipe se divide para operar pai e filha, simultaneamente.
Na sala de espera, angústia e esperança envolvem os familiares. Maria do Socorro Lins Vieira, esposa de Aparecido, demonstra-se otimista.
“Que saia tudo bem. Que ele volte a ser saudável como ele era antes”
Aeronaves para a captação
Enquanto o transplante de Aparecido acontece, a vida fora do hospital não para. Outras captações de órgãos ocorrem em todo o Brasil. Para isso, um transporte ágil e rápido é essencial, como aviões e helicópteros, em casos de urgência.
A repórter embarcou numa aeronave para acompanhar uma captação de fígado e rins. Eles serão doados para três pacientes. Quanto antes esses órgãos chegarem ao destino final, maiores serão as chances de sucesso do procedimento.
“O estado [do Rio de Janeiro] passou a fazer um investimento muito preciso na central de transplantes, na busca de órgãos. Isso fez com que o Rio de Janeiro se colocasse numa posição de destaque, realmente, no Brasil. Nós temos um tempo de espera curto para o transplante de fígado. Nossa média de espera, hoje, é de 65 dias, o que é menor do que em muitos lugares do mundo”, pontuou Fernandes.
55 mil na fila de espera
O último registro de transplantes da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) revelou que, no primeiro trimestre de 2023, havia mais de 55 mil pessoas na fila por um órgão no país. Do total, 30 mil aguardava por um rim, 22 mil, pela córnea, e 1,3 mil por um fígado. Nesse tempo, quase 500 pessoas morreram.
Jovem passou por 2 transplantes
Nem sempre, a chegada de um órgão faz a fila andar. Em 2017, o químico industrial Othon Junior Soares descobriu que tinha uma inflamação no fígado. O transplante se tornou a única chance de vida.
“É um desespero porque você quer recuperar a sua vida. Passam-se os meses, e a sua situação vai piorando, porque a sua doença não está parada esperando o fígado. Ela está se mexendo. Ela está evoluindo”
Othon entrou na fila em 2022. Foram três internações até o primeiro transplante acontecer.
“Eu tive uma outra questão muito rara, uma rejeição à medicação. Quando foi decretado que o fígado estava rejeitado, eu retornei à fila. Aí esperei mais de um mês. Veio um novo fígado. Aí eu fiz o novo transplante”
Quando deu a entrevista para a Band, Othon já estava há seis meses com o novo fígado, consequência do segundo transplante. Agora, a nova vida se resume à gratidão. Esse é o recomeço que o Aparecido e a Bruna esperam ter após as 8 horas no centro cirúrgico.
Zerar a fila é um desafio
Na última quinta-feira (13), a primeira reportagem da série especial “Corrida pela Vida” mostrou que, apesar do crescimento no número de doadores, zerar a fila dos transplantes ainda é um desafio no Brasil. Assista abaixo!