Amigos de infância, Murilo, Symon e Carlos dividiram boa parte da vida, inclusive os vícios. Os três começaram a consumir K2 e K9, drogas sintéticas disfarçadas de maconha, quando tinham por volta de 17 anos. Em São Paulo, as substâncias são vendidas na região da Cracolândia, por traficantes que atraem usuários que não consomem crack.
Ricardo Amaral, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da USP, informa que as drogas popularizadas pelo ‘efeito zumbi’, tem alto poder alucinógeno e pode provocar paranoias. “Atualmente temos uma preocupação crescente em relação com a K2 ou ‘spice’, ela tem consequências sobre o estado psíquico da pessoa muito importantes”. explica.
Mas após ver o estrago que a droga fez com a própria vida, Symon Sales foi o primeiro entre os amigos a buscar tratamento. “Depois que vim parar aqui, vi que a situação dele piorou, aí desliguei o telefone e liguei para a tia dele, expliquei como era a clínica,. como funcionava aqui”, conta. Symon chegou a ter alta, mas voltou após ter uma recaída. Apesar disso, segue firme no tratamento.
Outro colega dos três amigos, Elias Aguiar, sente que o processo é comum e não deve ser uma vergonha para o dependente em tratamento. “O processo da recaída, por mais que seja doloroso, é um processo de aprendizado. Não importa quantas internações a pessoa tem, mas a vontade de querer mudar a história dela, de não desistir na primeira recaída”, afirma.
Elias utiliza o tempo livre na clínica para se conectar com os prazeres perdidos nos anos entregues à droga. Agora, ele já até compõe e canta as próprias músicas. Outro que utiliza a arte como aliada ao tratamento é David Forstman, que retomou os desenhos e pinturas que fazia.
“Fiquei mais de 10 anos sem desenhar, na hora que entrei na clínica, ouvi as palestras e tudo direitinho, agora vi que deveria retomar o rumo da minha vida e praticar o que eu fazia", conta.