Além da possível participação no planejamento do assassinato da vereadora Marielle Franco, investigações de outros crimes envolvendo milicianos e bicheiros teriam sido sabotadas pelo delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro. As conclusões constam no relatório final da Polícia Federal.
Segundo as investigações federais, nos bastidores da Delegacia de Homicídios, inquéritos e materiais apreendidos desapareciam. O relatório da PF revelou que Rivaldo era conivente com crimes que envolviam milicianos e contraventores, além de alertar alvos de apurações.
A investigação da morte de Marielle revelou uma estrutura de pagamento de propina montada dentro da delegacia, sob o comando de Rivaldo. Policiais teriam deixado de solucionar, pelo menos, cinco execuções cometidas pelo grupo de extermínio conhecido como “Escritório do Crime”.
Falsa acusação
Para desviar o foco dos verdadeiros mandantes da execução de Marielle, o delegado incriminou o miliciano Orlando Curicica, em 2018. Foi o acusado quem revelou o esquema de propinas ao apontar que a Delegacia de Homicídios recebia, mensalmente, de R$ 60 mil a R$ 80 mil.
Sabotagem em caso de PM
Rivaldo ainda teria recebido R$ 300 mil para não ir atrás de envolvidos na execução do ex-sargento da Polícia Militar Geraldo Antônio Pereira, em 2016. Depois do relatório da PF, casos da delegacia que nunca chegaram a ser concluídos, entre 2011 e 2018, podem ser reabertos.
A investigação da morte de Marielle também apontou divergências sobre o destino da arma usada no crime. Em delação premiada, o assassino confesso Ronnie Lessa contou que a submetralhadora foi emprestada por milicianos, em 2017, e devolvida, depois da repercussão do caso. Na época do crime, a Polícia Civil disse que a arma foi jogada no mar. O objeto nunca foi encontrado.