Transição energética é o foco de muitas empresas do ramo pelo mundo. Com a Petrobras, que completa 70 anos em 2023, não é diferente. A maior empresa brasileira se prepara para o futuro mais sustentável. As inovações buscam auxiliar em processos e pesquisas que têm como foco a passagem da produção de combustíveis fósseis para renováveis.
“Atualmente estamos trabalhando em dois grandes projetos. Um está associado ao descomissionamento das estruturas offshore e o outro está ligado à produção de petróleo submarino com envio da produção para a costa ou para outras instalações”, afirma Segen Farid Estefen, professor e coordenador do laboratório de tecnologia submarina da COPPE, na UFRJ.
Os novos tempos também vêm acompanhados de duas grandes apostas: a produção de hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro, que já utiliza energia renovável e um projeto de parque eólico no mar, como explica Maíza Goulart, gerente-executiva do CENPES.
“A gente está falando tanto em descarbonizar o nosso petróleo para que ele continue sendo fonte de energia enquanto ele precisar se fonte de energia, mas que ele seja uma fonte de energia descarbonizada. Também estamos falando em quais são as outras fontes de energia que possam ser, vir a complementar ou substituir o petróleo em algumas das atividades”, explica.
Esse processo passa por novas fórmulas, como adição de óleos vegetais ao diesel, tornando um combustível bem menos poluente. Buscar novas energias não significa abandonar o petróleo, mas usar toda a tecnologia para reduzir o impacto para o meio ambiente. Este é o desafio da Petrobras para justificar a exploração do petróleo que existe na Bacia Amazônica.
“Se nós nos colocarmos com petróleo mais descarbonizado, é melhor do que buscar outros recursos na própria Amazônia”, explica Jean Paul Prates, presidente da Petrobras.
Supercomputadores da Petrobras
Um dos investimentos mais atuais da estatal são os supercomputadores, usados para processar o alto volume de dados usados em pesquisas. E eles já fazem parte do futuro menos poluente: seis deles estão entre os mais ecoeficientes do mundo. O Gaia é um deles, que entrou em operação em agosto deste ano e tem capacidade de processar o mesmo que 1,4 milhão de smartphones ou 40 mil laptops.
Tudo isso serve para criar modelos que agilizam explorações realizadas pela Petrobras. “A gente tá com um corpo técnico extremamente especializado, muito capaz, porque a gente entende que realmente vai ser uma virada de jogo se a gente conseguir desenvolver essas tecnologias”, diz Maíza Goulart.
Os avanços tecnológicos aumentam a produtividade, exemplo disso é o preço da produção de petróleo no Brasil, que, graças às pesquisas e tecnologias para chegar ao pré-sal, levaram o país a chegar perto da Arábia Saudita. Em 2022, o valor do Brasil foi de US$ 5 por barril de óleo, enquanto na Arábia Saudita o preço foi de US$ 3,05.
Inovações não vão acabar com o petróleo
Todas as mudanças e inovações não significam o fim do petróleo, ele até pode acabar, mas a expectativa é de que nem todo o volume das reservas seja consumido. Diante da transição energética, as reservas podem se manter e ainda há um longo caminho pela frente, mas sempre de olho na produção limpa e renovável.
“Nenhum insumo substituirá o petróleo com essa multiplicidade de usos, com essa versatilidade logística e tudo que o petróleo tem. Portanto, a nova era será a era da energia local”, explica Jean Paul Prates.
Para o presidente da Petrobras, o futuro será do que estiver ao alcance. “Tudo que for tecnologicamente for acessível, logisticamente, for acessível vai ser usado o vento, o sol, as plantas, a terra, o mar, a energia da onda, do que for. É assim que o mundo já está se encaminhando para ser no futuro”, diz.