Com corte de verbas oficiais, pesquisadores lutam para fazer ciência no Brasil

Verba destinada a pesquisa diminuiu 58% em comparação ao investido em 2015

Da Redação, com Jornal da Band

Dúvidas não faltam. Quanto tempo dura a imunidade da vacina? Elas agem contra as novas variantes? Cada amostra que entra no Laboratório de Genoma do Instituto de Medicina Tropical da USP nos aproxima das respostas. Foi lá em 2020 que pesquisadores fizeram o primeiro sequenciamento genético do coronavírus no país. 

Estudos assim colocam o Brasil no ranking das pesquisas publicadas sobre coronavírus no mundo. Chegamos à 11ª colocação, à frente de países como Japão e Coreia do Sul que investem em PIB até três vezes mais que o Brasil. Mas para alcançar tudo isso, o caminho não é nada fácil. 

“Essa sempre foi uma característica da pesquisa brasileira, de sempre conseguir produzir com pouco. E também com um déficit de RH, porque esse é outro problema em todas as universidades. Não tem concurso. Existe uma carência de novos pesquisadores”, lamenta a pesquisadora Silvia Figueiredo Costa.

Só nos laboratórios do Instituto de Medicina Tropical da USP, onde estão as equipes que trabalham com sequenciamento genético, são pelo menos 30 pesquisas acontecendo ao mesmo tempo envolvendo Covid-19. Destas, 70% contam com o financiamento de empresas privadas ou com a parceria de institutos internacionais.

Não fosse assim, difícil saber se aconteceriam. O investimento público tem sido cada vez menor e a preocupação é com o futuro da pesquisa científica aqui no país. A verba do Ministério da Ciência e Tecnologia destinada a pesquisa diminuiu 15% em 2021. O valor é 58% menor do que em 2015.

São cerca de R$ 2,7 bilhões de reais, considerados insuficientes para manter centros de pesquisa e projetos. “O sistema que é tremendamente ressiliente está chegando num ponto de não-retorno. Foram 30 anos para construir um sistema e pode ser que leve um pouco menos de um par de anos para destruir”, disse o cientista e professor Hernan Chaimovich.

A reportagem é de Olívia Freitas, para o Jornal da Band.

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