Pai e avós disputam guarda das crianças que sobreviveram na Floresta Amazônica

Manuel Ranoque é acusado de violência doméstica contra a mãe dos indígenas encontrados após 40 dias

Edgar Maciel

Manuel Ranoque, pai das crianças indígenas
Herbert Villarraga/Reuters

Depois da emoção do resgate, a Colômbia assiste agora a outro drama em torno das crianças que passaram 40 dias perdidas na selva. A disputa pela guarda delas entre o pai e os avós.

No Hospital Militar de Bogotá, Lesly, Soleiny, Tien e Cristin continuam se recuperando. As duas irmãs mais velhas tiveram febre nas últimas horas. Será um processo lento até receberem alta, segundo os médicos.

Mas, nos bastidores, a disputa é pela custódia das crianças, que sobreviveram 40 dias na Floresta Amazônica da Colômbia. 

A mãe, Magdalena Mucuty, morreu no acidente de avião. O marido, Manuel Ranoque, é pai das duas crianças menores e padrasto de Lesly e Soleiny. Ele pediu a guarda de todos os irmãos.

Mas os avós maternos acusam Manuel de violência doméstica contra a esposa e não querem que os irmãos fiquem com o pai.

Com a família dividida, o hospital decidiu retirar o direito de Manuel de visitar as crianças. É o governo quem vai decidir o futuro dos irmãos indígenas.

"Eu sou o pai e demonstrei o que é ser pai. Fiquei 30 dias na selva, caminhando e buscando pelos meus filhos."

Enquanto isso, na selva de Guaviare, onde os irmãos foram resgatados há cinco dias, a Operação Esperança continua. As equipes do exército tentam localizar o cãozinho Wilson, o pastor belga que teve papel chave para encontrar os irmãos.

O guia canino Carlos Villegas diz que Wilson se metia em qualquer buraco. “Lugares que nós, humanos, não conseguíamos acessar e poupava muito tempo na busca pelas crianças.”

São mais de cem homens do exército espalhados pela mata.

"Eu cheguei a ver ele a 30 metros de distância, no dia do resgate. Chamamos, mas ele voltou para a mata e não o vimos mais."

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