Embrapa 50 anos: tecnologia faz Brasil ser produtor de "carne de baixo carbono"

Pesquisa científica desenvolveu sistemas de integração onde é possível criar gado e plantar na mesma área

Por Márcio Campos

Presente na cultura e no prato dos brasileiros, a carne é um dos principais alimentos que a Embrapa pesquisa para melhorar e otimizar a produção. Atualmente, boa parte da carne que comemos pode ser considerada de ‘baixo carbono’, porque a empresa pública desenvolveu sistemas de integração onde é possível criar bois e plantar na mesma área. 

Assim, a agropecuária consegue auxiliar o meio ambiente, como explica Rodrigo Amorim, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Gado de Corte. “Pode se dizer assim, que essa carne foi produzida ambientalmente correta, porque o metálico foi emitido, a gente conseguiu neutraliza-lo sequestrando esse carbono no tronco da árvore”, explica. 

São os sistemas ILP, Integração Lavoura Pecuária e ILPF, Integração Lavoura Pecuária Floresta. Lourival Vilela, pesquisador da Embrapa Cerrados, explica como funcionam as siglas na prática. “Hoje com a ILP no Cerrado, consegui manter área produzindo o ano todo, a lavoura, soja milho, consorciado com brachiaria (pasto) e na terceira safra, na maioria da vezes, o animal perdia peso, estamos terminando na seca. Quem mais no mundo consegue isso? Só nós por enquanto”, avalia. 

Diversas fazendas aderem ao ILP 

No Distrito Federal, a equipe da Band visitou uma fazenda que planta girassol, feijão, soja e milho. Quando o milho é colhido, o gado chega e domina o espaço. O trabalho com gado de corte na fazenda Brejão começou há oito anos, quando o dono adotou o sistema ILP. 

Marco, agrônomo da fazenda, explica que apesar do tempo seco, é possível alimentar o gado. “O alimento seco serve para ele, água no cocho, nessa palhada que veio da cultura do milho e outras culturas”, explica. 

Tecnologia desenvolvida pela Embrapa permitiu o cultivo no Cerrado

As pesquisas da Embrapa na região começaram há 24 anos, primeiro, avaliando a saúde do solo. O estudo, concluído em 2020, permitiu o lançamento da tecnologia de bioanálise, como o exame de sangue do solo. 

“Nós desenvolvemos uma análise que permite o produtor saber se o solo onde ele produz está saudável, adoecendo, doente, ou em recuperação. Com duas enzimas do solo, passamos essa informação ao produtor”, afirma a pesquisadora Iêda Mendes.

E foram as tecnologias desenvolvidas no estudo que viabilizaram o cultivo no Cerrado, elevando a agricultura brasileira para a posição de uma das mais eficientes no mundo. Quase metade dos grãos produzidos no Brasil sai do Cerrado, a região produz café, feijão, milho, soja, sorgo e algodão. 

O resultado vem de um trabalho de pesquisa com mais de 40 anos e que desenvolveu variedades específicas para cultivo no Cerrado, como o sorgo e milho, importantes para a ração animal. É o que explica a pesquisadora de Milho e Sorgo da Embrapa, Maria Marta Pastina. 

“Eles conseguem produzir, são resilientes a essas condições de solos ácidos que são comuns em no no bioma Cerrado, né? Que antes era considerado improdutivo. Então a gente com essas tecnologias que foram desenvolvidas pela Embrapa nas décadas de 1970, 1980, foi possível avançar com a agricultura em biomas mais adversos”, afirma Maria Marta. 

Em 50 anos, a produção brasileira cresceu, e muito. Nesse período a colheita do milho subiu mais de 600%, a da soja então, disparou, com 1.685%. E outras culturas também tiveram crescimento. 

Assista ao primeiro episódio de ‘Embrapa: 50 anos’

Confira o segundo episódio da série:

Veja o terceiro episódio da série:

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