Embrapa 50 anos: Brasil se tornou potência na produção de soja graças à ciência

Planta de origem chinesa não era forte no país, mas a adaptação genética fez com que grão fosse cultivado em todas as regiões

Por Márcio Campos

Parte importante na história da Embrapa, a soja é exemplo do sucesso da empresa pública, que completa 50 anos em 2023. O grão, que tem origem na China, não era costumeiro no Brasil, mas graças a adaptação genética e a pesquisa científica, o país se tornou potência na produção da soja mundial. 

Tudo graças ao melhoramento genético, eixo principal da pesquisa científica realizada pela Embrapa desde a fundação, em 1973. O foco ocorre porque a maioria das plantas cultivadas no país não são nativas e vêm de diversas regiões do mundo, como a soja chinesa. 

Além da adaptação, os pesquisadores da Embrapa colocaram nas sementes de soja bactérias fixadoras de nitrogênio, técnica que faz o Brasil economizar US$ 15 bilhões com adubos para o cultivo da soja. São esses avanços que fizeram o Brasil uma potência na produção de soja. 

Tecnologia também beneficiou produção de batata

Considerada a hortaliça mais importante do Brasil, produzida por 5 mil produtores espalhados em sete estados, a batata rende mais de 3.5 milhões de toneladas em 130 mil hectares de plantações pelo país. Toda a cadeia produtiva da hortaliça é beneficiada pelas tecnologias que nascem no meio do Brasil. 

As pesquisas realizadas no Centro Nacional de Hortaliças garantem produtividade para quem cultiva e qualidade para os consumidores. Muitas das verduras e legumes que chegam aos pratos dos brasileiros passam por melhoramentos genéticos feitos pelos pesquisadores da Embrapa. 

Adaptadas à diversidade climática do Brasil, as variedades são enriquecidas e melhoradas geneticamente. Este tipo de trabalho aumenta a produtividade e resistência à doenças. “Tem muita tecnologia envolvida, muito conhecimento, esforço do produtor”, afirma Francisco Vilela Resende.

No laboratório, os pesquisadores conseguiram extrair sementes de alho livres de um vírus que reduzia a produção. E isso é motivo de orgulho para a pesquisadora Sarita Meireles. “É gratificante saber que o nosso trabalho tem um impacto tão significativo em toda a cadeia produtiva e que isso vai chegar na mesa do consumidor”.

Embrapa tem ‘Arca de Noé’ de sementes e amostras vegetais

Inaugurado em 1974 pelo então ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, o centro de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa se assemelha a uma ‘Arca de Noé’, já que há mais de 140 mil amostras de espécies vegetais importantes para a alimentação e agricultura. 

“Essa técnica é utilizada para espécies que não têm capacidade de guardar as sementes ou que perdem rapidamente a viabilidade”, explica Jonny Scherwinski, pesquisador que trabalha no armazenamento de amostras em câmaras frias da Embrapa. 

Preservar o passado é garantir a alimentação no futuro. Em 1995, o povo indígena Krahô, do Tocantins, procurou a Unidade em busca de sementes primitivas de um tipo de milho que não existia na comunidade, mas encontraram no centro. 

O coordenador da Embrapa explica a importância do centro. “Esse programa é de médio, longo prazo. Não temos ainda segurança alimentar para todas as espécies, mas o objetivo é esse. Queremos conseguir recuperar o sistema de produção em caso de catástrofe”, afirma Samuel Paiva. 

Assista ao primeiro episódio de ‘Embrapa: 50 anos’

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