Embrapa 50 anos: pesquisas atuais buscam aumentar sustentabilidade das lavouras

Empresa pública foi fundamental para cravar o lugar do Brasil como potência no setor, que agora visa conectar as produções de todo o país

Por Márcio Campos

A criação da Embrapa há 50 anos representa um marco na história da agropecuária brasileira. De 1973 para os dias atuais, a empresa pública trouxe avanços para o setor, como garantir a segurança alimentar do brasileiro e também cravar o lugar do Brasil como potência mundial na produção de alimentos. 

A Embrapa não é uma empresa de governo, a Embrapa é um patrimônio do brasileiro e tudo aquilo que a gente gera a gente gera preocupado com a autonomia, com a segurança alimentar e com a diversidade da qualidade do alimento que o brasileiro consome, diz Cristiane da Graça, chefe-geral da Embrapa Agrobiologia. 

50 anos depois, os objetivos da empresa pública agora procuram aumentar a sustentabilidade e conectividade entre as lavouras. Um desses estudos inovadores ocorre na sede da Embrapa Meio Ambiente, pesquisadores descobriram que abelhas sem ferrão auxiliam produtores brasileiros de café arábica a aumentarem em quase 120% a produtividade caso elas estejam perto. 

“Mesmo você tendo uma redução da área de plantação e destinando para o reflorestamento, você ganha um ganho de produtividade que compensa o cuidado com a natureza”, afirma o biólogo Cristiano Menezes. O que as abelhas fazem é integrar o meio ambiente e a produção com sustentabilidade. E é nesse caminho que a Embrapa segue. 

Hoje, sem sustentabilidade, agricultura sustentável, a gente não vai conseguir chegar ao consumidor, diz Paula Packer, chefe da Embrapa Meio ambiente.

Outra pesquisa da Embrapa que afeta boa parte dos brasileiros é justamente com uma das frutas preferidas no Brasil: a banana. A fruta corre risco pela fusariose, uma doença e a broca, uma praga. Em uma das unidades da Embrapa em Jaguariúna, interior de São Paulo, pesquisas avançadas encontraram um fungo que pode salvar a lavoura. “É uma forma de controle biológico, eficaz, até onde vimos agora, para o controle dos dois problemas, é dois em um”, diz Poliana Giachetto, pesquisadora da Embrapa. 

O estudo é tão significativo, que nenhum outro conseguiu identificar uma forma de controle eficaz contra a broca e o fusarium. Se os resultados obtidos em laboratórioforem confirmados, a plantação terá um avanço importante no combate a esses dois grandes problemas no cultivo de banana no mundo. “Tem uma redução de perdas e é uma forma de controle que não gera prejuízos para o consumidor, solo, planta e ao meio ambiente”, explica Poliana;

Consumidores no Brasil e mundo demandam cada vez mais uma produção agrícola sustentável, que tenha compromisso com a redução de gases efeito estufa e capaz de oferecer alimentos saudáveis a preços menores. O desafio da Embrapa é chegar a uma atividade produtiva com menos prejuízos ao meio ambiente, além de capacitar o mundo do agro para ajudar os outros setores da economia. 

“O brasileiro precisa saber que a Embrapa é uma empresa que se preocupa com a agricultura brasileira, né? E com que ela seja resistente a questões como pragas, doenças e até a diversidade climática. Né? Ela vem se debruçando nisso”, explica a pesquisadora Claudia Pozzi, que completa:

A Embrapa não tem o interesse comercial, ela tem o interesse de fortalecer, de utilidade pública. É preciso que a sociedade entenda o nosso papel é olhar pela agricultura forte. E que seja sustentável no sentido não só econômico, mas também no aspecto do meio ambiente. 

Embrapa criou ferramenta para conectar lavouras com mundo digital e meio ambiente

Dentro dos avanços da empresa pública, há o Zarc - Zoneamento Agrícola de Risco Climático, coordenado pelo braço digital da Embrapa. Com o mapeamento do clima, estudos de solo e produtividade das lavouras. O sistema é fundamental para orientar o plantio e até concessão de crédito rural. 

A ferramenta de gestão de risco nasceu em uma unidade da Embrapa em Goiás. Silvando Carlos da Silva foi um dos participantes do projeto, desde o início. “Eu sei que se plantar na época tal, quando chegar no florescimento, a probabilidade de ter chuva, que é isso que o Zarc faz, o produtor vai ter um ganho de rendimento, muito grande", diz Silvando. 

E é através da tecnologia que a Embrapa quer deixar as fazendas mais conectadas no mundo digital e integradas com o meio ambiente. “Uma proposta de mudança, com certeza, de um modelo de agricultura que considera a importância dos recursos naturais para a manutenção da produção agrícola”, explica a chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Paula Packer. 

A empresa desenvolveu aplicativos e plataformas com bancos de dados que podem ser acessados por empresas e startups para criação de aplicativos. Um dos trabalhos é o Sistema Brasileiro de Agrorastreabilidade, uma tecnologia que identifica onde o produto saiu e por onde passou até chegar ao consumidor. 

Investimento para pequenos e médios produtores em São Paulo

Nos próximos cinco anos, a Embrapa, com parceria com o governo de São Paulo vai investir R$ 25 milhões para atender o pequeno e médio produtor. O trabalho quer implementar melhorias no campo, como reduzir custos, aumento da eficiência da produção agrícola, aplicações em inteligência artificial e agricultura de precisão. 

A presidente da Embrapa, especialista em área digital é quem está a frente deste projeto. “A Embrapa sempre andou de mãos dadas com os produtores rurais, esse é o nosso desafio: estar junto dos cinco milhões de produtores rurais no Brasil”, explica  Silvia Maria Massruhá.

Assista ao primeiro episódio de ‘Embrapa: 50 anos’

Confira o segundo episódio da série:

Veja o terceiro episódio da série:

Confira o quarto episódio:

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