Embrapa 50 anos: parcerias contribuíram para aumento da produtividade no Brasil

Aposta em ciência aliada a universidades e empresas privadas auxiliaram no salto de qualidade da agropecuária do país

Por Márcio Campos

Versátil e com gostinho de infância, o milho pode se desdobrar em pamonha, bolo e até curau, mas você sabia que durante décadas ele sofreu com uma praga? A mosca branca, inimigo poderoso e resistente a inseticidas, virou alvo da Embrapa. Por 12 anos a empresa, que completa 50 anos em 2023, estudou uma alternativa para acabar com a praga. 

Com uma parceria com uma empresa canadense, a Embrapa desenvolveu um inseticida biológico, sustentável e eficaz no combate da praga. ”A partir da descoberta começamos a trabalhar com empresas privadas para produzir, formular e comercializar o produto", explica a pesquisadora Eliane Quintela. 

E é este tipo de parceria que faz parte do DNA da Embrapa. São mais de 800 contratos de tecnologia com o setor privado que só em 2021 renderam R$ 23 milhões em royalties. “A Embrapa sozinha ela não é nada, né?”, diz Cristiane Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agrobiologia. 

“Os nossos ciclos de desenvolvimento científico, tecnológico, eles perpassam tanto pelas instituições de ensino, aproximação e esse envolvimento direto, quase com as instituições da iniciativa privada que por ventura tenham interesse nas áreas de pesquisa da Embrapa eh ou que a Embrapa entenda que seja importante impulsionar”, afirma Cristiane. 

O modelo da Embrapa privilegia o profissional qualificado com especializações. No lugar das indicações, contratar os melhores por concursos públicos. Para qualificar o corpo técnico, a empresa enviou 2 mil pesquisadores para estudar nos melhores centros da Europa e dos Estados Unidos. Eles voltaram com a bagagem cheia de conhecimentos que permitiram a atualização da ciência agrícola brasileira. 

É o caso de Carlos Alberto, que foi para os Estados Unidos. “Foi uma grande oportunidade de construir essa empresa, que é referência internacional, nacional”, explica. 

Essa relação com as universidades é um dos princípios da Embrapa e um incentivo para os jovens pesquisadores, como a Francisca e Laínny, que já tiveram resultados importantes em uma tese de doutorado. Tudo começou com um bate-papo informal com uma pesquisadora da Embrapa. “Ela falou para mim que trabalhava com um fungo muito bom e que seria interessante ver a ação do fungo em carrapatos, perguntou se eu topava", relembra Francisca. 

A Emater, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, é uma das parceiras da Embrapa. Juntas, em Goiás, elas desenvolvem um trabalho de recuperação de áreas e estímulo à agricultura familiar através dos Sistemas Agroflorestais. A técnica adota o plantio de árvores com a produção de alimentos sazonais, como mandioca, feijão e milho. Além de garantir renda para a agricultura familiar, o sistema preserva e recupera espécies ameaçadas de extinção. 

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