O Ministério Público do Paraguai descobriu que militares do país estão vendendo armas apreendidas, que deveriam ter sido destruídas. E o Brasil é destino de parte das apreensões.
Para contar essa história, é preciso voltar alguns anos no tempo. Em 2019, o resgate de um dos maiores traficantes de drogas do Paraguai foi uma ação violenta em uma área residencial de Assunção, capital do país vizinho.
Na época, criminosos do Comando Vermelho conseguiram libertar Jorge Teófilo Samudio González, o Samura, que havia saído de uma audiência judicial. Na ação, usaram fuzis e pistolas semiautomáticas.
Agora, dois anos depois, o Ministério Público paraguaio descobriu que parte dessas armas tinha sido usada na tentativa de resgate de outro chefão do tráfico em 2018. O alvo era Marcelo Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, também do Comando Vermelho. Na ocasião, o plano foi frustrado, e um arsenal acabou apreendido.
As armas deveriam ser destruídas. Porém, em março desde ano, uma das pistolas foi apreendida novamente nas mãos de um dos pistoleiros envolvidos no resgate de Samura.
Isso fez com que o Ministério Público paraguaio abrisse uma investigação e descobrisse que militares corruptos venderam parte do arsenal para facções criminosas brasileiras que atuam no tráfico internacional de drogas na fronteira entre os dois países.
Os promotores estão fazendo agora um levantamento para descobrir quantas armas desapareceram do depósito do Exército sem terem sido destruídas.
Marcelo Piloto e Samura, que voltou a ser preso, hoje comprem pena por tráfico de drogas em penitenciais federais brasileiras.