Anjo caído, Coisa Ruim, Capeta: quais são as origens do Diabo?

Nova série de reportagens do Jornal da Band analisa personagem que está nas lendas, ditos populares e histórias que passam por gerações

Por Giba Smaniotto

Tema que intriga a humanidade há séculos, o ‘Diabo’ é um dos personagens mais misteriosos, que está nas lendas, ditos populares e histórias que passam de geração em geração. Por isso, o inominável se tornou tema da nova série de reportagens do Jornal da Band. 

Essa figura, que tem seu lado assustador e também um lado brincalhão, está na literatura, cinema, música e invade a imaginação. Mas você sabe quais as origens por trás dos mitos e medos que cercam esse personagem?

Segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé, uma das referências é do judaísmo antigo. “O inferno judeu, um lugar físico, que lá, se jogava bandidos, assassinos, prostitutas, figuras identificadas com transgressão. Daí vem a ideia que quem morre e faz o mal, vai para um lugar onde ele vai ficar morto, mas vai continuar sofrendo”, explica. 

Para os cristãos, todos viviam bem no céu, até que um dia, um anjo se rebelou contra Deus porque queria ser como ele. Por ser invejoso e não seguir os mandamentos, Deus mandou o anjo rebelde para o inferno. Para os povos antigos e modernos, o anjo expulso do paraíso virou o Diabo. 

Diabo se fortaleceu no imaginário na Idade Média

Coisa ruim, Satanás, Capiroto, Capeta, Tinhoso, Chifrudo, Pai da Mentira, Cramulhão, Demônio, Satã, Príncipe das Trevas, Senhor das Moscas, Lúcifer e por aí vai. Falta de apelido o Diabo não sofre. E ele também deu as caras bem antes do cristianismo. No livro "Enoque", o personagem aparece na obra de 200 anos antes de Cristo. Somente 1 mil anos depois é que o cristianismo molda o personagem. 

O Diabo se firmou como personagem no imaginário da humanidade a partir dos séculos XI e XII, quando o sistema feudal, na Idade Média, começa a dar sinais de esgotamento e entra em crise. “O fortalecimento ocorre com o poder papal, o fortalecimento de Roma e dos reis absolutistas, que precisavam de um antagonista forte e poderoso para justificar e legitimar a concentração de poder nas mãos”, explica o professor e sociólogo da religião Edin Sued Abunassur. 

E foi a partir da Idade Média que a figura foi melhor construída. O anjo, de assa branca e penas, ganhou chifre, meio animal, meio humano. O cristianismo interpretou que a serpente seria uma expressão do Diabo, como explica o filósofo Andrei Venturini:

"Diabo é trapaceiro, Adão e Eva vão cair na conversa da serpente. Então você tem um personagem animal que de alguma maneira encabeça ou personifica o Diabo. 

Diabo já ganhou até estátua em sua homenagem

Em Madrid, há um dos poucos monumentos dedicados para o diabo no mundo, em um parque público. O guia turístico Augustín José, explica o que significa a obra. “Ele estava obcecado com os opostos, extremos, momentos entre bem e mal. Então ele decidiu fazer a estátua do diabo, aprovada pelo Vaticano, no fim da inquisição ainda", conta. 

Anos depois notaram que a estátua foi colocada a 666 metros do nível do mar. O número é conhecido como o número do Diabo, citado na Bíblia como o número da besta, um dragão de sete cabeças, que encarna o mal e engana todos. 

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