200 anos da Independência: Conjuração Baiana se inspirou na Revolução Francesa

Conjuração Baiana pediu ajuda para França contra Portugal em troca de prioridades comerciais

Da redação

Era do outro lado do Oceano Atlântico, da revolucionária França, que vinham as ideias que inspiravam a Conjuração Baiana. O porto era fundamental para disseminar a propaganda francesa. Esta é mais uma reportagem do Jornal da Band da série especial dos 200 anos da Independência do Brasil.

“As alcovas, capelas, igrejas e o cais do porto funcionavam mais ou menos como são as redes sociais”, disse o historiador Ricardo Carvalho à reportagem do Jornal da Band

Uma estratégia criativa foi fundamental para espalhar a mensagem. Muitas das histórias contadas pelos marinheiros franceses foram parar nos chamados livros manuscritos, cadernos avulsos que circulavam por Salvador com fragmentos de textos cheios de ideias revolucionárias. 

“Eles se reúnem. Trazem um marinheiro que fale francês e português. Eles vão traduzindo em voz alta, com vários baianos escrevendo em cadernos, e esses cadernos entram em circulação”, explicou a historiadora Heloisa Starling. 

Era do mar, também, que muitos conspiradores esperavam que chegassem apoio militar para a independência da Bahia. A história começa três anos antes da Conjuração Baiana com a chegada a Salvador de um navio francês, comandado por Antoine Larcher, que trazia ideologias revolucionárias aos jovens baianos.

O governo português decidiu investigar quem disseminava as ideias iluministas de uma sociedade mais democrática. Os suspeitos eram acusados de praticarem “francesia”.

“O governador da Bahia, inclusive, escreve uma carta para Lisboa e diz: ‘Olha! Tem um povo aqui que é maluco porque eles são proprietários. Eles não estão vendo que, se deixarem, isso vai virar um Haiti?’. O que é Haiti? É a revolta dos escravizados. Qual é o grande medo na Bahia, da elite e autoridades portuguesas? O Haiti”, explicou Starling.

Uma parte da população confiava na ajuda dos franceses para fazer a revolução baiana. Larcher voltou para casa com uma proposta dos brasileiros ao governo francês: armas, navios e soldados para que Salvador fosse sitiada.

“Em troca desse apoio, eles [franceses] teriam prioridades comerciais, muito importante na época, ingerência sobre o novo governo e, claro, o apoio mútuo militar nessa nova ordem política estabelecida”, pontuou Carvalho. 

A proposta baiana não foi aceita. Os franceses nunca chegaram para ajudar na Conjuração Baiana, mas ideias francesas estavam impregnadas na oratória panfletária de um médico. O discurso circulava tanto nos salões da elite como nas ruas pobres de Salvador. O revolucionário era Cipriano Barata.

“Ele tinha a força da palavra. Ele tinha um carisma muito grande, contato com as pessoas mais ricas e poderosos da Bahia participaram, também, da Conjuração, e tinha contato com a parte mais pobre da população que se engajou com o movimento. Então, ele era o elemento central da Conjuração”, disse o historiador Marco Morel.

Apesar da origem semiaristocrática, segundo historiadores, Cipriano assumiu inúmeras repressões e prisões ao longo da vida, além de se envolver na Conjuração Baiana, Revolução Pernambucana, Confederação do Equador e no movimento constitucional subsequente que houve no Brasil.

Cipriano foi acusado de participar da Conjuração Baiana. Chegou a ser preso, mas, por falta de provas, ganhou a liberdade.

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