Janja envia contribuições à Aliança de Primeiras Damas da América Latina

Em carta, primeira dama destaca a democracia, combate à desinformação, crise climática e a necessidade de uma nova governança global

Da redação

A primeira dama Janja Lula da Silva
Ricardo Stuckert/Palácio no Planalto/Divulgação

A primeira-dama Janja Lula da Silva enviou nesta segunda-feira (27) uma carta com contribuições à Aliança de Primeiras Damas da América Latina - ALMA.

A organização, presidida pela primeira-dama da Costa Rica, Signe Zeikate, realiza seu primeiro encontro do ano na tarde desta segunda, de forma virtual.

Janja não pôde participar da reunião por conta do evento de lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, tema que está entre suas prioridades e inclusive faz parte das contribuições enviadas à organização latino-americana.

Na carta, Janja destaca três pontos: democracia e instituições democráticas e de participação; a internet, big techs e desinformação; e a crise climática e a necessidade de uma nova governança global. 

Leia a íntegra da carta

"Prezadas Senhoras, 

Foi com alegria e interesse que recebi a carta da Sra. Zeikate para participar da chamada virtual da ALMA nesta segunda-feira. Infelizmente não poderei mais participar, houve um conflito em minha agenda e tive que priorizar outro compromisso. Hoje lançamos no Brasil a campanha de vacinação bivalente contra a COVID-19 e irei participar, uma importante frente de trabalho do nosso Governo é a retomada e fortalecimento do Programa Nacional de Vacinação e suas campanhas. Mas gostaria de através desta carta, estender a todas vocês meus cumprimentos e votos de sucesso nesse encontro. Desejo que tenham sucesso nas discussões e construção de planos para as ações da ALMA, em 2023. Tenho certeza que terei em breve a oportunidade de conhecer e rever vocês.

Aproveito esta oportunidade para trazer alguns elementos temáticos que considero de relevância na política internacional hoje, principalmente para nossa região e como a história recente mostrou, para o Brasil. Além disso, são questões diretamente ligadas ao alcance dos ODS e a Agenda 2030 das Nações Unidas. Peço aqui a oportunidade de contribuir com pontos para o debate das ações e focos temáticos para a ALMA advindos do contexto brasileiro, nossa leitura do contexto latino-americano e global, e para mim e o Presidente Lula em particular. 

1. Democracia e instituições democráticas e de participação: 

Historicamente, a América Latina tem sido alvo de diversos golpes políticos e tentativas de desestabilização. Isso se dá por diversos motivos, mas podemos ressaltar a capacidade de nossa região em termos de bases naturais e trabalho. Esses elementos torna a nossa região atrativa para investimentosinternacionais e interesses de grandes empresas transnacionais, além de nos tornar uma região estratégica em termos de política internacional e nossa participação em espaços multilaterais globais. Desse modo, nossas contradições e momentos de crise se tornam aberturas para o fortalecimento de forças da extrema direita e fascistas que buscam desestabilizar nossas democracias para controlarem o Estado e seu orçamento, através de políticas econômicas de austeridade e de privatizações, redirecionando os investimentos dos fundos públicos de empresas públicas estratégicas, políticas públicas de saúde, educação e seguridade social para a economia privada. Isso leva a governos que priorizam interesses econômicos privados em detrimento do interesse coletivo de melhora na qualidade de vida da população, qualificação da força de trabalho e da indústria nacional, e da construção de um país menos desigual e mais sustentável ambientalmente. 

Nesse sentido, como aconteceu no Brasil no 8 de janeiro com uma tentativa de golpe da extrema direita brasileira, nos encontramos em uma janela histórica que nos chama a agir pela proteção da democracia e suas instituições. É importante e estratégico pensarmos em formas de fortalecer e apoiar os mecanismos de participação social das nossas democracias, e como podemos promover a discussão e a busca por soluções de questões pertinentes para que isso seja possível. O que me leva ao meu segundo ponto. 

2. Internet, big techs e desinformação: 

Uma ferramenta que tem sido muito usada nos últimos anos para interferir e desestabilizar democracias no mundo todo são as Fake News, a desinformação como ferramenta de manipulação da população em tornos de temas importantes como voto, direitos, fundos públicos, corrupção, e pautas morais como religiões, questões de gênero e sexualidade e com a difamação de pessoas específicas. 

A divulgação de notícias e informações falsas ganhou outra relevância e potencialidade com o advindo das redes sociais como Facebook, Instagram, WhatsApp e outros. A forma como essas redes sociais funcionam e a falta de moderação adequada, aliadas a ausência de normativas e legislações de regulação dessas plataformas, tanto no nível nacional quanto global (devido ao caráter transnacional da internet), as colocam no centro desses processos de desinformação. 

Isto não apenas afetou grandemente o Brasil nos últimos anos, como agora me afeta pessoalmente ao me encontrar na posição de Primeira Dama do Brasil. No dia de hoje, como mencionei, haverá o lançamento da campanha de vacinação bivalente contra a COVID-19. Esse momento também simboliza o retorno de campanhas de informação sobre saúde e vacinação baseadas em dados científicos, e focada na ampliação do alcance dessas políticas de saúde pública no Brasil. É importante defendermos a verdade e negar a normalização da distribuição de mentiras pela internet, o que demanda uma ação global. Considerando que esta questão é particularmente estratégica para nós, membras da ALMA, que buscamos utilizar de nossas posições para promover e apoiar questões importantes de acordo com nossos valores, de nossos Presidentes e do projeto de país e região que queremos construir. Isso me conecta ao meu terceiro ponto para contribuir. 

3. Crise climática e a necessidade de uma nova governança global: 

A urgência e importância desses desafios que expus, além das crises climáticas e crise econômica global, que estão intrinsecamente conectadas no problema e na solução, demanda uma nova governança global, onde nossos países possam participar com mais igualdade na tomada de decisão que envolva questões como guerras, sanções e bloqueios, planos de cooperação e ação multilateral, e diretamente sobre soluções para a crise climática de forma a mitigar riscos e garantir a participação e proteção de populações vulneráveis, que são aquelas enfrentando os maiores impactos das catástrofes ambientais e humanas, e que estão em nossos países principalmente, da periferia da economia. 

Desse modo, trago aqui a importância de pensarmos em formas de fazer uso de nossas posições para promover e defender a necessidade de uma transformação da governança global, sempre trazendo o papel fundamental da presença de povos e populações que estão sendo afetadas desproporcionalmente a outras na busca e construção de soluções. Espero ter trazido contribuições para a discussão de vocês nesse encontro com estes elementos que são relevantes para mim, quando penso na minha ação como Primeira Dama. E que possamos continuar a conversa numa próxima oportunidade, virtualmente ou presencialmente. Gostaria de algumas notas da reunião, caso considerem possível. 

Desde já agradeço a compreensão por minha ausência e envio minhas saudações fraternas, 

Sra. Janja Lula da Silva 

Primeira Dama da República Federativa do Brasil"

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