Deputado federal e ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff, Alexandre Padilha (PT-SP) avalia que a situação da pandemia vai se agravar nos próximos meses, podendo chegar a 500 mil mortes até o fim de 2021. Para amenizar o colapso no sistema de saúde e diminuir o índice de pessoas infectadas, ele foi enfático na sugestão de ações: aceleração da campanha de vacinação e lockdown em regiões de saúde com altas taxas de ocupação de leitos de terapia intensiva para covid-19.
“Toda a região de saúde que tiver pelo menos 80% de seus leitos ocupados pela covid-19 tem que fazer lockdown”, defendeu o vice-presidente do PT em entrevista no programa “Ponto a Ponto”, comandado pela jornalista Mônica Bergamo e o cientista político Antônio Lavareda na BandNews TV, na noite desta quarta-feira (17).
Padilha exemplifica como exemplo positivo a adoção do lockdown na cidade de Araraquara, interior de São Paulo pelo prefeito Edinho Silva (PT) ainda em fevereiro. Segundo dados da prefeitura local, os índices de casos e mortes caíram após a ação. O ex-ministro justifica as medidas mais restritivas na circulação de pessoas com alguns dados: das mortes por covid-19 registradas no mundo nas últimas 24 horas, 22% aconteceram no Brasil, o que coloca o País como principal ameaça global do vírus.
Para ele, a situação só chegou a este ponto porque o Brasil fez o caminho inverso do resto do mundo em fevereiro, ao abrir as cidades e fechar leitos mesmo com poucas pessoas vacinadas, criticando as ações do presidente Jair Bolsonaro.
“O ritmo de vacinação está a passos de tartaruga, o que é um dos grandes vexames da gestão do general que ocupa o ministério da Saúde. Bolsonaro deixa mais uma marca no exército. É o maior vexame da história do exército brasileiro desde a sua criação”, opinou, falando em “conjunto de irresponsabilidades” do governo e elogiando os governadores que se mobilizaram para comprar vacinas.
O deputado ainda deu um “conselho” para o colega Marcelo Queiroga, que vai suceder o general Eduardo Pazuello na pasta.
“Se eu pudesse dar um conselho ao novo ministro da Saúde, a primeira atitude dele seria entrar em contato com a OMS e fazer um apelo de revisão do contrato para, em vez de pedir doses para 10% da população como fez Bolsonaro, pedir doses para 30% da população. Com isso, acho que a gente consegue dar conta de vacinar até o final do ano a população elegível para ser vacinada, cerca de 170 milhões de brasileiros”, disse.
Para Padilha, a combinação da desinformação espalhadas por Bolsonaro e bolsonaristas às medidas sanitárias para combate à pandemia (uso de máscara, distanciamento, higienização com álcool gel) aliadas ao instinto de sobrevivência e a busca pela rende de muitos que precisam se expôr para trabalhar agravou ainda mais o quadro no País, usando exemplos de países liberaria que ajudaram suas populações com medidas econômicas e sociais robustas, como os Estados Unidos e a Alemanha, por exemplo.
Abaixo, veja o programa Ponto a Ponto, com Alexandre Padilha, na íntegra: