As imagens são fortes. Meninas se mutilando, obrigadas a inalar inseticidas. Centenas de jovens coagidos na internet em busca de aceitação. E isso tudo é mostrado ao vivo e compartilhado em uma plataforma: o Discord.
Criado para conversas em grupo, o Discord se popularizou principalmente entre adolescentes gamers. Só que algumas dessas comunidades se tornaram um terreno fértil para a prática de crimes. Os novatos nesses grupos precisam completar tarefas e desafios para crescer na hierarquia.
“Os bandidos chamam a vítima para um bate-papo e vão ganhando a confiança até conseguir algum vídeo, alguma imagem que possa ser vista como comprometedora para ser usada como uma chantagem. E a vítima, com medo disso ser mostrado para os amigos, para o colégio ou para os pais, cede às pressões desse grupo, que comete ali todo tipo de violência física e psicológica”, afirmou o delegado Luiz Henrique Marques.
Na última terça-feira (28), a polícia do Rio apreendeu 2 adolescentes, de 14 e 17 anos, suspeitos de cometer uma série de crimes no Discord. Um jovem de 19 também foi preso em São Paulo. Em um vídeo ao qual a equipe da Band teve acesso, um dos adolescentes apreendidos humilha uma menina e debocha da possibilidade de ser preso.
"Eu não ligo pra polícia! Tô cagando pra polícia. Eu quero que a web polícia venha atrás de mim. E me coloque a web algema”, disse o jovem.
“As redes sociais acabam facilitando e favorecendo para que aqueles adolescentes que já possuem algum tipo de inaptidão social consigam criar uma persona. Eles muitas vezes, por conta dessa busca e desse desejo de pertencimento, acabam se colocando em situações de risco”, afirmou a psicóloga Amanda Bastos.
Em nota, o Discord disse que, nos últimos 6 meses, removeu 98% das comunidades identificadas com possíveis ameaças à segurança de menores de idade.