Deputado vê racismo em abordagem dentro de avião, mas PF diz que cumpriu normas

Deputado Renato Freitas (PT) foi retirado do avião para passar por “revista aleatória”, o que ele classificou como racista e humilhante

Por Édrian Santos

O deputado estadual Renato Freitas (PT), do Paraná, classificou como racista uma abordagem que sofreu pela Polícia Federal (PF) e por funcionários do Aeroporto de Foz do Iguaçu. Na ocasião, ele foi convocado para o que as autoridades chamaram de “revista aleatória”.

A abordagem foi filmada e publicada pelo próprio parlamentar. Segundo falam os agentes federais e do aeroporto na gravação, a escolha do passageiro para o procedimento aleatório é feita por um sistema automatizado.

No vídeo em que divulgou nas redes sociais, na última quarta-feira (10), é possível ver um agente do aeroporto acompanhado de policiais federais durante a revista. Ao final da gravação, o deputado associa a ocorrência a racismo e se diz humilhado.

“Bando de racistas, ignorantes [...]. Tudo certo? Sim, tirando o fato de ser humilhado”, disse o parlamentar.

A Band procurou a PF para pedir informações sobre esse tipo de abordagem, quando o passageiro já está dentro do avião. Em nota, a corporação informou que Renato, antes de embarcar, havia recusado passar pela inspeção e que devido a isso os agentes foram acionados para retirá-lo da aeronave.

‘Este [Renato] teria se recusado a passar pelo procedimento no local indicado e se dirigido diretamente até a aeronave. Dessa forma, a equipe de inspeção do aeroporto acionou a PF para que a acompanhasse até o avião e procedesse à inspeção devida”, diz trecho da nota da PF.

A Band também procurou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mas ainda não obteve respostas. Por outro lado, uma portaria do órgão prevê as revistas aleatórias dos passageiros e até dos pertences de mãos. Caso o passageiro se recuse, ele pode ser impedido de embarcar ou pode ser retirado da aeronave.

Deputado nega que recusou procedimento

A equipe do deputado conversou com a nossa reportagem e confirmou que ele, de fato, havia sido sorteado para a inspeção aleatória, mas que, em nenhum momento, recusou-se a ser revistado antes de embarcar. 

O assessor que conversou com a Band ainda expôs que o deputado passou por situações vexatórias nas duas vezes em que foi abordado, antes e depois do embarque, além de reforçar as acusações de racismo contra a PF e funcionários do aeroporto.

Ainda segundo a equipe de Renato, ele só entrou no avião depois de ser ignorado pelos funcionários do aeroporto, mesmo quando solicitou a presença da Polícia Federal para a inspeção.

Na nota da PF, a corporação reforçou que os procedimentos adotados na ocorrência estão em conformidade com as normas da Anac e que apura possíveis abusos e falhas na condução do procedimento.

Leia a nota da PF na íntegra

A Polícia Federal informa que foi acionada no último dia 3 de maio para auxiliar Agente de Proteção da Aviação Civil (APAC) na inspeção de passageiro que teria se recusado a se submeter a medidas adicionais de segurança estabelecidas pela Resolução, no aeroporto de Foz do Iguaçu/PR.

Este teria se recusado a passar pelo procedimento no local indicado e se dirigido diretamente até a aeronave. Dessa forma, a equipe de inspeção do aeroporto acionou a PF para que a acompanhasse até o avião e procedesse à inspeção devida.

Cumpre ressaltar que a condução da inspeção de segurança é feita por Agente de Proteção da Aviação Civil (APAC), contratado pelo operador do aeródromo.

A Polícia Federal esclarece que todos os procedimentos foram realizados em conformidade com a resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Ressalta ainda que eventuais abusos ou falhas na condução do procedimento serão devidamente apurados.

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