CFM vai analisar recomendações contra Covid-19 no site do Ministério da Saúde

CFM vai analisar recomendação de medicamentos contra Covid-19 no site do Ministério da Saúde

Da Redação, com BandNews FM

CFM vai analisar recomendação de medicamentos contra Covid-19
Christine Sandu/Unsplash

O Conselho Federal de Medicina disse que vai analisar as questões éticas, clínicas e jurídicas do site do Ministério da Saúde, que recomenda medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento precoce da Covid-19. As informações são do Pablo Fernandez, da BandNews FM

A plataforma, que continua no ar, deveria ser destinada apenas a médicos e outros profissionais da saúde, mas pode ser acessada por qualquer pessoa.

O site contraria o que foi dito no início da semana pelo ministro Eduardo Pazuello de que nunca indicou ou autorizou que a pasta recomendasse remédios contra o coronavírus. 

É consenso entre as principais entidades médicas brasileiras que o protocolo indicado pelo TrateCOV não tem base em qualquer estudo científico e, dependendo do caso, pode causar riscos aos pacientes. 

A plataforma foi criada na semana passada diante do colapso no sistema de saúde de Manaus e, independentemente do número de sintomas que você tenha, recomenda, praticamente, os mesmos remédios e as mesmas doses: cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, doxicilina e sulfato de zinco. 

De acordo com o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e chefe da Infectologia da Universidade Estadual de São Paulo, Alexandre Naime, não há nenhum estudo feito no mundo comprovando que essas drogas reduzam internações ou mortes causadas pela Covid-19.

Ele faz um alerta e diz que o uso desses medicamentos pode trazer uma falsa sensação de segurança, colocando em risco os pacientes que podem evoluir para formas graves.

No início da semana, a Associação Médica Brasileira e a Sociedade Brasileira de Infectologia reforçaram, em nota conjunta, a falta de evidências para indicar qualquer medicação contra o coronavírus. 

Como pode ser visto no site do Ministério da Saúde, as doses indicadas são praticamente as mesmas, sem levar em conta o histórico do paciente. 

Isso tem um risco associado principalmente para quem tem comorbidades, de acordo com o pneumologista e ex-coordenador científico da Sociedade Brasileira de Pneumologia, José Antonio Baddini Martinez. 

Em nota, o Ministério da Saúde diz que o TrateCOV orienta opções terapêuticas disponíveis na literatura científica - sem especificar em quais estudos se baseia - e dá total autonomia aos médicos para decidir o melhor tratamento para o paciente.

Afirma ainda que a plataforma está em "testes", que a versão disponível agora é apenas um ambiente de simulação e que o tratamento sugerido sem a avaliação clínica não possui validade nem substitui o diagnóstico realizado por um médico.

Também em nota, o Conselho Federal de Medicina reforçou que "até o momento, não existem evidências robustas de alta qualidade que possibilitem a indicação de uma terapia farmacológica específica para a Covid-19".

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