A carta à nação que foi publicada na tarde desta quinta-feira (09) pelo presidente Jair Bolsonaro só foi divulgada depois de telefonemas entre o presidente e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, por intermédio do ex-presidente Michel Temer, líder do MDB.
As informações do encontro e do conteúdo do documento foram antecipadas com exclusividade pelo jornalista da Band Eduardo Oinegue. Um jato da FAB (Força Aérea Brasileira) foi enviado na manhã desta quinta-feira (9) para buscar Temer em São Paulo para a reunião com Bolsonaro em Brasília.
Na noite anterior, Temer havia escrito grande parte do manifesto junto com seu assessor de comunicação, Élcio Mouro. Ele foi lido na manhã desta quinta para o presidente, que gostou do conteúdo e pediu pelo encontro. Os dois se encontraram por volta das 11h até quase às 16h, com pausa para almoço. Ao lado de Bruno Bianco Leal, advogado-geral da União, o conteúdo do manifesto foi repassado, onde foram feitas pequenas alterações.
Durante a reunião, o presidente falou mais de uma vez, usando o telefone celular de Temer, com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, duramente criticado por Bolsonaro nos atos de 7 de setembro e chamado de “canalha”. Temer foi o responsável pela indicação de Moraes no STF.
No intervalo, Temer ainda conversou com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), apoiador de Bolsonaro.
Temer e o presidente já vinham se falando nos últimos dias depois de o ex-presidente prontificar com o STF a fazer uma ponte com Bolsonaro. Com boa relação com o antigo mandatário do Planalto, o presidente resolveu se aconselhar com Temer após a forte reação negativa de políticos e até mesmo de alguns empresários após as manifestações de 7 de setembro por todo o Brasil.
Vídeo: Jair Bolsonaro publica "declaração à nação"
A conversa de Moraes com Bolsonaro ocorreu depois que o ministro autorizou o ex-presidente a negociar um encontro. À época, o ministro afirmou que não tinha interesse em manter o clima de tensão entre os Poderes e reconheceu que o Bolsonaro tem o direito de apresentar o pedido de impeachment contra ele.
Carta à nação
Depois da reunião, presidente Jair Bolsonaro publicou a nota oficial no Diário Oficial para tentar amenizar a crise entre os poderes e as críticas e acusações de apoio a pautas antidemocráticas, principalmente após os discursos feitos no 7 de setembro.
O manifesto tem 10 pontos e foi produzido a quatro mãos durante o encontro com Temer. Dentre eles, disse que “não tinha a intenção de atacar nenhum dos outros poderes”, e que não tem “direito de esticar a corda” no que ele pontua como conflitos pelas decisões ministro do STF Alexandre de Moraes, mas pregou respeito às instituições.