Michel Temer diz que criou o esboço da "declaração à nação" de Bolsonaro

Ao Brasil Urgente, Temer contou bastidores do encontro com o presidente que resultou na nota

da Redação com Brasil Urgente

Michel Temer disse nesta quinta-feira (9) ao Brasil Urgente que foi ele quem produziu o esboço da “Declaração à Nação” divulgada nesta tarde pelo Palácio do Planalto. Segundo o ex-presidente, o presidente Jair Bolsonaro fez apenas “uma pequena observação” no texto.  

O manifesto tem 10 pontos e foi publicado no site do Planalto e no Diário Oficial da União. Dentre eles, Bolsonaro diz que não tinha a "intenção de agredir quaisquer dos Poderes". O presidente afirma ainda que suas palavras se decorreram “do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.

A informação sobre a retratação foi antecipada com exclusividade pelo jornalista da Band Eduardo Oinegue. Ele revelou, inclusive, que a nota havia sido feita após longa reunião com Temer em Brasília, em encontro que durou pouco mais de cinco horas. 

“O presidente havia me telefonado ontem para trocarmos ideias sobre a situação do país. Eu fiz ponderações. Depois tive a oportunidade de dar uma palavra com o ministro Alexandre de Moraes e verifiquei que ele não tem absolutamente nada pessoal contra o presidente nem contra ninguém”, contou Temer.  

“Mais tarde, o presidente me ligou, por volta das 23h, e conversamos mais. Falei que era preciso pacificar o país, que o estilo ideal seria uma obediência à harmonia entre os Poderes, às decisões judiciais… e dar uma palavra de tranquilidade. Ele ouviu, muito bem, boa noite. Hoje de manhã me ligou e perguntou ‘você pode vir almoçar?’. Eu vim e trouxe o esboço da declaração. Submeti a ele nesse almoço, e ele disse que faria apenas uma observação”, completou.  

Temer não detalhou, no entanto, qual especificamente foi a mudança feita por Bolsonaro na declaração.  

“O resultado foi essa nota divulgada. Penso que causa uma boa repercussão. Penso que ele se convenceu definitivamente de que esse é o melhor caminho (...). Ambos [Bolsonaro e Moraes] dizem que querem trabalhar pelo Brasil. Se há essa coincidência de desejos, não há por que haver divergências. As divergências podem ser jurídicas, não pessoais.”

O ex-presidente contou que Bolsonaro já pediu “conselhos” a ele outras vezes, mas que neste momento a surpresa foi maior, já que o país vive um "clima de tensão e preocupação", especialmente depois das manifestações do dia 7 de setembro. 

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“Você sai da vida pública, mas a vida pública não sai de você. Tenho que colaborar, modestamente (…). Recebo isso como um reconhecimento ao meu governo. Mas não penso em disputar nada no momento, não está no meu horizonte", concluiu Temer.