Câmara aprova processo de cassação contra Camilo Cristófaro após fala racista

Com a decisão do plenário, o processo agora volta para a Corregedoria, que terá de elaborar um novo parecer

Da Redação

Partido aceitou o pedido de afastamento feito por Camilo Cristófaro
Foto: Reprodução/ Perfil Oficial

Por 51 votos a favor e nenhum contra, os vereadores da Câmara Muncipal de São Paulo aprovaram, em sessão nesta terça-feira (24), a abertura do processo de cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro (PSB).  Eram necessários 28 votos para o andamento do pedido. 

A decisão ocorre depois do vazamento da fala de cunho racista em plenário, no início deste mês. Na ocasião, Cristófaro, sem saber que seria ouvido, disse: "Eles arrumaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?" (veja o vídeo)

O vereador participava de uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga aplicativos de transportes que atuam em São Paulo. Após o vazamento, a vereadora Luana Alves (PSOL) solicitou a interrupção dos trabalhos por alguns minutos.

Após o ocorrido, Cristófaro foi desligado do PSB. O próprio vereador já havia solicitado o desligamento da legenda através de uma carta, em 28 de abril.

No mesmo dia do ocorrido, o vereador deu dois motivos para a fala. Em vídeo, ele disse que se referia ao trabalho que dar ter carros antigos (fuscas) pretos. Depois, já na Câmara Municipal, disse que a declaração foi uma brincadeira com um amigo negro.

Em suas redes sociais, Cristófaro se intitula hoje como o "vereador mais atuante da cidade de São Paulo". De acordo com vereadoras negras, vereadores e vereadoras transsexuais, militantes quilombolas e outros denunciantes, o parlamentar tem repetidos registros de falas racistas e transfóbicas.

Investigação

O presidente da Casa, Milton Leite (DEM) demonstrou indignação com a situação. Em nota divulgada no dia do ocorrido, o parlamentar reforçou a atuação da Câmara na investigação.

“Como negro e presidente da Câmara, luto com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também. O caso será apurado pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo”, escreveu na nota.

Na semana passada, a Corregedoria da Câmara havia aprovado a admissibilidade do processo que pede a cassação do mandato do vereador. Com a decisão do plenário desta terça, o processo agora volta para a Corregedoria, que terá de elaborar um novo parecer, em que ouvirá a defesa de Cristófaro.  

Assim, caso a Corregedoria aprove a punição em definitivo, o processo retorna ao plenário e precisa do aval de dois terços dos vereadores, 37 votos.

A pena mínima prevista é de suspensão temporária de 30 a 90 dias e a máxima, requisitada pelo partido de oposição, é a cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar.

Além desta acusação, o parecer aprovado relembra um outro episódio de setembro de 2019, em que o então vereador do PSB foi acusado em um outro caso de racismo. Segundo relatos da bancada do PSOL na Corregedoria da Casa, Cristófaro também foi flagrado depois, por inúmeras pessoas, dizendo a uma mulher negra que ela "não merecia ser ouvida".

Em outra ocasião, em 2019, Cristófaro foi acusado de racismo por chamar o vereador Fernando Holiday (Novo) de “macaco de auditório”, também em plenário. Na época, o caso foi denunciado à Corregedoria.  

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