O corpo da Fernanda de Carvalho, de 22 anos, enteada da Cintia Mariano, será exumado nesta quinta-feira (26) para verificar se a jovem foi vítima de envenenamento da madrasta. Segundo o delegado do caso Flávio Rodrigues, não foi necessário esperar uma decisão da Justiça, já que uma decisão administrativa foi o suficiente.
Cíntia Mariano foi presa na última sexta-feira (20), por possível homicídio contra Fernanda, que morreu depois de ficar 13 dias internada. A partir do depoimento de familiares, as investigações encontraram semelhanças nos sintomas apresentados entre ela e o irmão, Bruno Carvalho, de 16 anos, que foi internado no dia 15 desse mês.
O jovem afirma que passou mal depois de comer feijão amargo e com pedrinhas azuis, na casa da madrasta.
“O que chamou a atenção no depoimento da família são os sintomas semelhantes, parecidos. Seja da enteada, seja do enteado. A gente quer confirmar isso. Inicialmente ela (Cinitia) falou que aquilo (o chumbinho) era um caldo Knorr, um tempero que não foi dissolvido no preparo do feijão, do alimento. Não convenceu essa resposta e, com o desenvolvimento da investigação, chegou-se à suspeita por parte dela”, comentou o delegado Flávio Rodrigues, titular da 33ª DP (Realengo).
O delegado também disse que intimou a equipe médica responsável pelo cuidado dos irmãos e os profissionais irão prestar depoimento na delegacia ainda nessa semana para “esclarecer os fatos”.
Durante uma busca e apreensão na casa de Cintia, os agentes encontraram Butox, um remédio antipulga, embaixo do cooktop, onde o almoço servido à bruno foi preparado.
A mãe da Fernanda e do Bruno, Jane Carvalho, disse nas redes sociais, que houve negligência por parte dos médicos quando a filha foi internada.
"Me recordo que, no terceiro dia, perguntei ao médico se ela não tinha sido envenenada. Mãe sente, mãe vem da alma quando ela quer salvar suas crias. Eles disseram que não, inclusive foram negligentes ao dizer que fizeram o exame toxicológico nela, o que não foi feito. No hospital, nem é feito esse exame. Não imaginávamos nunca que isso teria sido um homicídio", afirmou Jane.
Os investigadores vão avaliar se os exames comprovam a presença da substância no organismo do adolescente. O prontuário de Fernanda também vai ser analisado, além dela ter o corpo exumado.
O conteúdo do celular da Cintia também já está sendo analisado pelos investigadores. O objetivo é verificar se no histórico havia buscas relacionadas à envenenamento.
“É de vital importância analisar o conteúdo desse telefone. Saber as conversas, com quem ela conversou, se confessou para outras pessoas. Saber se, por exemplo, ela fez uma pesquisa no Google, no navegador, na internet sobre veneno, sobre o efeito do veneno, onde compra, como se faz... isso é de fundamental importância. Caso tenha vamos saber através dessa análise de dados”, completou o delegado.
Para os investigadores, Cintia tem um perfil obsessivo, indiferente, neutro e com total imparcialidade com relação aos fatos. Além disso, o ciúme do relacionamento do marido com os filhos biológicos pode ter motivado o crime.
*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco