Claudio Marcos de Almeida, de 50 anos, conhecido como “Django” e apontado como um dos maiores traficantes de drogas de São Paulo, foi encontrado morto debaixo de um viaduto, no bairro da Vila Matilde, na zona leste da cidade, na manhã do último domingo (23).
Segundo testemunhas, Django estava desaparecido há três dias. A investigação acredita que o traficante foi sequestrado na quinta-feira (20) e logo levado a um cativeiro em uma comunidade na região, onde foi torturado e morto com a ordem da liderança do PCC, em mais uma morte que pode estar ligada a uma disputa interna dentro da facção criminosa pelo controle da movimentação com o tráfico de drogas e armas.
A vítima não tinha sinais de tiros ou facadas e estava sem documentos. De acordo com os peritos, os arranhões no rosto e braço são indícios de que os assassinos arrastaram o corpo até o local em que ele foi deixado, com sinais de estrangulamento.
Quem reconheceu o corpo foi o próprio irmão da vítima, afirma a Polícia Civil.
Policiais civis do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estiveram no local e encontraram R$ 2,8 mil em um dos bolsos da calça de Django. A principal hipótese é de um crime de vingança ligada a atuação do traficante junto à facção criminosa paulista.
O caso está sendo investigado pelo DHPP, que busca imagens de segurança na tentativa de identificar os criminosos que deixaram o corpo de Django.
Almeida chegou a ser um nome forte dentro da facção criminosa paulista. Segundo a Polícia Civil, ele foi parceiro de Santa Fausta e de Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, foragido da Justiça. Django era um dos principais fornecedores de cocaína para os pontos de venda na zona leste da capital ligados ao PCC e também participava do envio da droga para o exterior através do porto de Santos, litoral do estado.
Em 2012, Cláudio Marcos Almeida foi preso por policiais militares da Rota com tijolos de maconha, R$ 30 mil e US$ 28 mil em dinheiro vivo. Só que, um ano depois, o traficante foi solto por uma decisão do desembargador Otávio Henrique de Souza Lima, do Tribunal De Justiça de São Paulo, o mesmo que em 2015 mandou soltar em Wellington Xavier, o Capuava, preso com quase duas toneladas de cocaína num sítio em Santa Isabel, interior paulista.
Alvo de um trabalho recente do Departamento Estadual de Combate ao Tráfico de Drogas (Denarc), Claudio Marcos era apontado como o principal parceiro de Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, executado no final de dezembro do ano passado, no Tatuapé, também na zona leste de São Paulo, junto com Antonio Corona Neto, o "Sem Sangue".
Vídeo: polícia investiga mortes que estariam ligadas ao PCC
Nova onda de mortes de chefões do PCC começou em 2018
As execuções recentes na zona leste podem ser mais um capítulo da guerra de poder dentro do PCC, que passa por uma disputa sangrenta entre criminosos do alto escalão do chamado “partido do crime”.
Santa Fausta se tornou um dos chefões do tráfico na facção depois de execuções de outros líderes na mesma região da capital paulista.
A onda de mortes começou em 2018, depois que “Gegê do Mangue” foi assassinado junto com o sócio “Paca”, na região metropolitana de Fortaleza.
Antes, Eduardo Ferreira foi morto em um carro de luxo com quase 30 tiros. Dias depois, foi a vez de Wagner Ferreira, o “Cabelo Duro”, em outro ponto da zona leste após emboscada diante de um hotel.
Na semana passada, dois homens foram executados, esquartejados e os corpos jogados na zona leste de São Paulo. Com eles, bilhetes indicavam a participação das vítimas nas execuções de Cara Preta e Sem Sangue.