Casa Abandonada em SP: filho de Margarida Bonetti pode ser ouvido pela polícia

Polícia investiga se a mulher é vítima de um suposto de abandono de incapaz pela família

Por Cesar Cavalcante

A polícia de São Paulo convocará o filho de Margarida Bonetti para confirmar que ela não é vítima de um suposto abandono de incapaz. A irmã dela já foi ouvida e negou a possibilidade.

Laudos estão sendo preparados sobre as condições em que Margarida vive na "mansão abandonada" localizada em Higienópolis, na região central de São Paulo, e podem até causar a interdição do imóvel.

Um engenheiro da prefeitura de São Paulo esteve no casarão, construído na década de 1920 e apurou as condições estruturais e de habitação. No interior do imóvel, foi encontrada muita sujeira: pilhas de objetos e roupas. 

O relatório da Polícia Civil indicou que Margarida Bonetti tem características de ser uma acumuladora, síndrome de alguém que sente uma necessidade forte de adquirir e guardar objetos. O resultado pode ser a proliferação de animais, como raros e baratas. 

Quem é Margarida Bonetti

A história de Margarida Bonetti, de 63 anos, herdeira de uma família rica de São Paulo e casada com o engenheiro Renê Bonetti, tem chamado atenção nas últimas semanas. Ela esteve na lista de procurados pelo FBI acusada de cometer crimes nos Estados Unidos, como trabalho análogo à escravidão e agressão contra sua ex-empregada doméstica. O casal foi denunciado à polícia americana no ano 2000.

Renê chegou a ser julgado, condenado e preso nos Estados Unidos, onde cumpriu pena, e foi solto. À época do julgamento, Margarida fugiu para o Brasil, onde vive até hoje na mansão em Higienópolis. O crime já prescreveu, como explicou a Delegada Elisabete Sato ao vivo no programa Brasil Urgente.

A história da mulher e do casarão ganharam interesse com o podcast “A Mulher da Casa Abandonada”, do jornalista Chico Felitti, na Folha de S.Paulo, que viralizou nas redes sociais.

Imóvel avaliado em R$ 10 milhões

A “casa abandonada” tem aproximadamente 500 m². São 10 m de largura e 50 m de comprimento. Mesmo com toda história por trás da moradora, o imóvel ainda é avaliado com um valor alto - corretores estimam cerca de R$ 10 milhões.

No processo de inventário da casa, em 2019, havia uma dívida de mais de 10 anos sem pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Segundo a Procuradoria-Geral do Município, atualmente, o imóvel não tem dívida ativa.

Disputa por herança

Além das questões tributárias, há uma briga judicial em curso. Outros herdeiros acusam Margarida de trocar a fechadura do portão e não dar a chave a mais ninguém. A casa está no nome do pai da acusada de escravizar a empregada doméstica.

Em documentos obtidos pela Band, há informações de um possível leilão do imóvel e também existem três processos relacionados ao inventário da casa, pois duas irmãs estão pedindo o direito a residência.

Uma das páginas do processo revela a fortuna que o pai da Margarida, Geraldo Vicente de Azevedo, deixou para os familiares. Ele tinha mais de US$ 5 milhões em moedas de ouro e prata além de barras de ouro no cofre, joias, obras de arte e pratarias. 

Além da casa da Rua Piauí, em Higienópolis, a família deixou para trás uma fazenda na cidade de Delfim Moreira, em Minas Gerais. Mas essa herança acabou gerando uma disputa entre as filhas de Geraldo. Margarida, Rosa e Maria de Lourdes Vicente - a última brigada com as duas outras irmãs.

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