O ministro da Defesa, general Braga Netto, negou que tenha feito ameaças contra a realização das eleições em 2022 caso não seja aprovado o voto impresso e auditável.
"O Ministro da Defesa não se comunica com os presidentes dos poderes por meio de interlocutores. Trata-se de mais uma desinformação que gera instabilidade entre os poderes da República em um momento que exige a união nacional. A discussão sobre o voto eletrônico auditável, por meio de comprovante impresso é legítima, defendida pelo governo federal e está sendo analisada pelo parlamento brasileiro, a quem compete decidir sobre o tema", afirmou Braga Netto durante evento do Ministério da Defesa.
O desmentido feito pelo militar acontece após forte reação de representantes dos três poderes após matéria publicada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” nesta quinta-feira (22), onde relata que Braga Netto teria enviado "um duro recado" ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) por meio de um importante interlocutor político para pressionar pela aprovação da PEC do voto impresso.
Segundo a reportagem, o fato teria ocorrido no último dia 8 de julho. Braga Netto teria enviado um recado a Lira de que “não haveria eleições no ano que vem” se a proposta não fosse aprovada no Congresso.
Um dos primeiros a se manifestar foi o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Roberto Barroso, que também é presidente do TSE. Ele disse ter procurado o general e o deputado, que negaram “enfaticamente” o episódio.
Pelas redes sociais, Arthur Lira afirmou que a despeito do que sai ou não na imprensa, haverá eleições em outubro do ano que vem, através do voto popular secreto e soberano.
O vice-presidente Hamilton Mourão foi outro a rechaçar a possibilidade. “Lógico que vai ter eleição. Não somos república de banana”, disse.
Deputados da oposição já falam em convocar Braga Netto para dar explicações.
O jornal “Estado de S. Paulo” se defendeu das acusações de governistas e reafirmou as informações apuradas pela sua reportagem.
Bolsonaro volta a falar em fraudes nas urnas
Nesta quinta, Jair Bolsonaro voltou a criticar o sistema eleitoral que usa a urna eletrônica e centraliza a contagem dos votos no Tribunal Superior Eleitoral.
“Eu não estou acusando servidores do TSE. Eu não posso admitir que meia dúzia de pessoas tenham a chave criptográfica de tudo, e essa meia dúzia pessoas, de forma secreta, conte os votos numa sala lá do TSE”, disse em declaração feita a uma rádio do Paraná.
O presidente reafirmou que na próxima semana vai apresentar provas de fraude na eleição de 2014.
A proposta da impressão do voto vai voltar ao debate na comissão especial da câmara no dia 5 de agosto. Diante da resistência de pelo menos 14 partidos, o presidente já avaliou que o projeto não deve ser aprovado.
Sérgio Amaral explica repercussão em Brasília de acusação contra Braga Netto; assista