Operação contra o tráfico internacional de armas é deflagrada

O armamento chegava por rotas marítimas e aéreas pelos estados do Amazonas, São Paulo e Santa Catarina

Por Nicolle Timm

Uma organização criminosa que atua no tráfico internacional de armas dos Estados Unidos para o Brasil é desarticulada em uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. 

O policial militar reformado Ronnie Lessa, preso pela morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, é um dos investigados. Preso na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, ele foi alvo de um dos três mandados de prisão preventiva cumpridos até o momento.

Cinquenta policiais federais, membros do Gaeco do MPF e agentes americanos cumprem sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão no Rio de Janeiro, no Mato Grosso do Sul e em Miami, com apoio da Agência de Investigações de Segurança Interna da Embaixada dos Estados Unidos.

A Operação Florida Heat identificou, ao longo de cerca de dois anos de investigação, a existência de um grupo responsável pela aquisição de armas de fogo, peças, acessórios e munição nos EUA para envio ao Brasil.

O armamento chegava por rotas marítimas (contêineres) e aéreas (encomenda postal) pelos estados do Amazonas, São Paulo e Santa Catarina. O destino final era uma casa em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. 

Na maioria das vezes, o material era acondicionado dentro de equipamentos como máquinas de soldas e impressoras, que eram despachados juntamente a outros itens como telefones, equipamentos eletrônicos, suplementos alimentares, roupas e calçados.

Do endereço na zona norte da capital fluminense, as peças eram retiradas pelos integrantes da quadrilha responsáveis pela usinagem e montagem do armamento, com auxílio de impressoras 3D, que posteriormente eram distribuídos para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel.

O dinheiro para a compra do armamento era enviado do Brasil para os EUA através de doleiros. 

Um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, recebia parte desse dinheiro e repassava para os alvos residentes nos EUA, de acordo com as investigações.

O grupo investia o dinheiro adquirido com o tráfico de armas em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo. 

Além dos mandados de prisão, a Justiça decretou o sequestro de bens, avaliados em cerca de R$ 10 milhões. 

Ao longo da investigação, foram apreendidos milhares de armas, peças, acessórios e munições de diversos calibres, tanto no Brasil, quanto nos EUA. 

Os alvos vão responder pelos crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa e lavagem de capitais.

O nome da operação faz referência ao estado americano de onde as armas eram enviadas ao Brasil pelo grupo criminoso.

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