Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, disse que foi surpreendido pelo que classificou de cenas lamentáveis ao se referir aos ataques de grupos radicais em Brasília, no último domingo (8). Extremistas invadiram e depredaram prédios dos três poderes, o Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de repudiar os atos, o também ex-ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) destacou que lamenta as suspeitas de que foi conivente com os atos antidemocráticos registrados ontem.
“Nesse sentido, lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos. Estou certo de que esse execrável episódio será totalmente esclarecido, e seus responsáveis exemplarmente punidos”, diz a nota escrita pelo ex-secretário.
Ainda ontem, em meio aos ataques antidemocráticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal na Segurança do DF. Na prática, a pasta passa a ser subordinada ao governo federal, cujo interventor é o secretário-executivo do Ministério de Justiça, e não mais ao governo local.
Pouco antes, o governador Ibaneis Rocha (MDB) exonerou Torres do cargo de secretário de Segurança. O ministro está de férias, há dois dias, no exterior, como o próprio falou na nota divulgada nesta madrugada.
Ibaneis também está na mira das investigações, tanto que o ministro Alexandre de Moraes, do STF e relator do inquérito dos atos antidemocráticos, decidiu afastar o governador do DF por 90 dias.
Leia a nota de Torres na íntegra
Ontem, oito de janeiro, eu vivi, sem sombra de dúvida, o dia mais amargo da minha vida pessoal e profissional.
No exterior, no segundo dia das férias há meses sonhadas pela minha família, fui surpreendido pelas lamentáveis cenas que aconteceram na Esplanada dos Ministérios na tarde de domingo.
Os ataques inimagináveis a todas as instâncias dos poderes da República brasileira foram um dos pontos mais tristes dos últimos anos da nossa história.
Repudio veementemente a covardia que assistimos neste domingo.
Tais atos são totalmente incompatíveis com todas as minhas crenças do que seja importante para o fortalecimento da política no Brasil.
As divergências político-ideológicas jamais podem ser usadas como combustível para agressões, de qualquer tipo.
Em um caso de insanidade coletiva como esse, há que se buscar soluções coerentes com a importância da democracia brasileira.
Sempre pautei minha vida pelo respeito às leis e às instituições, fosse atuando como policial, como secretário de segurança ou como ministro da justiça.
Nesse sentido, lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos.
Estou certo de que esse execrável episódio será totalmente esclarecido, e seus responsáveis exemplarmente punidos.