Pacientes com câncer são prejudicados por manifestações bolsonaristas em SP

Bloqueios ilegais nas estradas dificultam o acesso de pacientes a remédios e cilindros de oxigênio

Da redação

Os bloqueios ilegais atingiram inúmeras pessoas, inclusive aquelas que lutam diariamente contra o câncer. O Boa Tarde, São Paulo conversou com duas pessoas que fazem o tratamento contra a doença e foram diretamente atingidos pelas manifestações nas estradas do estado. 

A aposentada Paula Lacerda tem câncer nos nervos e músculos, precisa tomar todos os dias um remédio para aliviar a dor, só que ela mora na Zona Norte da cidade de São Paulo, próximo a divisa com Guarulhos, na região metropolitana da capital. O medicamento que ela utiliza é retirado na região central e ao se deslocar para ir até o local, tem que pegar a rodovia Fernão Dias e a Marginal Tietê, mas não conseguiu pegar o medicamento por conta dos bloqueios ilegais. 

“Eu tenho medicação para dois dias e isso é muito angustiante para a gente, porque tem hora que eu não durmo pensando ‘minha medicação vai acabar hoje, mas amanhã eu vou ter?’”, desabafou Paula Lacerda. 

Paula ainda diz que não pode ficar sem a medicação em dia nenhum ‘porque eu não aguento mais de dor’. Ela ainda conta que caso não tome o remédio, corre o risco de precisar ser internada. 

De acordo com o Sindicato dos Hospitais, não houve desabastecimento de medicamentos, mas atraso na entrega de oxigênio líquido foi registrado. O bancário David Ramos, que tem câncer de pulmão, depende da entrega de cilindros, o último carregamento deveria ter chegado na terça-feira (3), mas a nova previsão é que chegue até esta sexta-feira (4). 

“Devido aos bloqueios, não estão chegando as cargas necessárias com os nossos cilindros. Não é a vida de vocês que está em jogo, são as nossas vidas”, reforça David Ramos. 

“Se nós tivéssemos mais um dia de paralisação, muito provavelmente, nós teríamos problemas técnicos com certeza”, disse o coordenador do Conselho Regional de Farmácias, Kleber Fernandes, sobre os bloqueios ilegais que poderiam resultar em falta de medicamento em hospitais. 

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