O povo Kalunga é maior comunidade quilombola do brasil e foi retratado na primeira reportagem da série especial “Áfricas do Brasil”, do Band Notícias.
O sítio histórico Kalunga é um território de 264 mil hectares, na Chapada dos Veadeiros, norte de Goiás, onde 39 comunidades quilombolas resistem até hoje, apesar de sofrer com perseguição ao longo das décadas.
No Brasil, existem cerca de 3.475 comunidades remanescentes quilombolas, segundo dados da Fundação Palmares. Mas o último levantamento do IBGE, de 2019, revela que são quase 6 mil (5.972) territórios quilombolas no país.
A palavra “kalunga” é muito presente entre os povos africanos. É uma referência à felicidade, força e ancestralidade. Aqui no Brasil, Kalunga é um tesouro que resiste. Nasceu como um refúgio de negros e negras fugidos. É onde vive um povo que não deixa morrer a história que faz do Kalunga o maior quilombo do brasil.
São cerca de 8 mil moradores. A agricultura familiar é a principal atividade. Também é uma forma de perpetuar a tradição familiar - onde todo mundo planta, todo mundo colhe. É uma forma de manter o consumo próprio e também respeitar o ciclo na natureza.
Além de manter tradições, o povo Kalunga também busca evolução. E por isso aposta cada vez mais em educação. Atualmente tem aulas até o ensino e conta com cerca de 30 estudantes em universidades.
Dona Getúlia, de 62 anos, parteira e rezadeira, terminou os estudos apenas com 45 anos e viu surgir um mundo novo, mais livre e cheio de esperança.
"Mudou tudo. E tenho vontade de aprender mais, que é tão bom. Eu tenho duas filhas professoras, tenho orgulho", conta ela.
Como disse a filósofa Angela Davis, "quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela".