O avião cedido pela Presidência da República, da Força Aérea Brasileira (FAB), pousou nesta terça-feira (31), na cidade do Cairo, no Egito, para levar ajuda humanitária destinada à população da Faixa de Gaza.
A aeronave da FAB transportou cerca de 1,5 toneladas de alimentos, como arroz, açúcar, derivados de milho e leite, doados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Essa é a segunda missão da Operação Voltando em Paz em que houve envio de itens de assistência humanitária. A primeira foi realizada em 18 de outubro, quando o VC-2 pousou no Aeroporto Internacional de Al-Arish, no Egito, com equipamentos de filtragem de água e kits de saúde.
Segundo o governo federal, o material, após ser conferido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito, foi entregue ao Crescente Vermelho, movimento humanitário não vinculado a qualquer Estado e fundado em Genebra, na Suíça, em 1863, que assumiu a responsabilidade de coordenar a logística de transporte, o cruzamento da fronteira e as entregas em Gaza.
Esse avião irá substituir a outra aeronave presidencial que está no Cairo há duas semanas, que precisará retornar ao Brasil para realizar uma manutenção que já estava programada. O avião que chegou no Egito nesta segunda ficará à disposição para repatriar o grupo de brasileiros que aguarda a abertura da fronteira com Gaza.
No total, 34 pessoas, sendo 24 brasileiros, 7 palestinos em processo de imigração e 3 palestinos familiares próximos que darão início à imigração, aguardam pela repatriação do governo federal. Desse total, 18 são crianças e 10 são mulheres.
Segundo o embaixador Alessandro Candeas, responsável pela representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, a crise humanitária tem se intensificado e a situação nas cidades de Khan Yunis e Rafah, onde estão os brasileiros, é preocupante.
“Estamos lutando para que os brasileiros não sejam afetados pela catástrofe humanitária que assola Gaza. Alugamos casas e conseguimos enviar recursos para que comprem alimentos, água, gás e remédios no precário mercado local. Estamos oferecendo apoio de psicóloga e médico a distância. Infelizmente, as perspectivas são de rápida degradação das condições de vida e segurança”, afirma Alessandro Candeas.
Faixa de Gaza
Os cerca de 2,2 milhões de pessoas que vivem na Faixa de Gaza sofrem uma grave crise humanitária causada pelos bombardeiros de Israel e pelo cerco imposto ao enclave palestino. Há escassez de água, gás de cozinha e alimentos.
Desde o dia 21 de outubro, começou a entrar ajuda humanitária pela fronteira com o Egito, mas as organizações que atuam em Gaza defendem que o volume é insuficiente para atender a população local.
Antes das hostilidades, entravam em Gaza uma média 500 caminhões por dia. Agora, a ajuda humanitária que entra na região é de cerca de 12 caminhões por dia, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A ONU classifica a ajuda como “uma gota no oceano de necessidades”.