Alemanha registra alta acentuada de delitos antissemitas

Desde o ataque do Hamas contra Israel, frequência de registro de delitos antissemitas dobrou, segundo Departamento Federal de Investigações. 'Temos que acordar', afirma embaixador de Israel em Berlim

Por Deutsche Welle

Bandeira da Alemanha
Reprodução

A frequência de delitos antissemitas registrados na Alemanha dobrou desde o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, segundo informações do Departamento Federal de Investigações (DKA). Do início do conflito até 21 de dezembro, foram registradas 1.100 ofensas em conexão com a guerra no Oriente Médio, em especial incitação ao ódio e danos à propriedade.

O embaixador israelense em Berlim, Ron Prosor, pediu uma resposta à altura. "O fato de os judeus terem medo de sair na rua com um quipá ou de falar ao celular em hebraico é simplesmente inaceitável. Temos que acordar", disse ele à agência alemã de notícias dpa. "Pessoas com medo de levar seus filhos à escola se a escola não estiver protegida, isso não é normal", alertou Prosor, que exerce o cargo desde 2022. "O medo está realmente presente."

O comissário do governo alemão para o combate ao antissemitismo, Felix Klein, já havia expressado posição semelhante. Ele chamou o ataque terrorista do Hamas de "virada de época para a segurança dos judeus na Alemanha". Ao grupo de mídia Funke, ele afirmou que o número de crimes antissemitas neste ano seria um recorde na Alemanha. "Desde o Holocausto, os judeus na Alemanha não correm tanto perigo como hoje."

Número de delitos antissemitas provavelmente ainda maior

De acordo com dados do Ministério do Interior, no primeiro trimestre do ano foram registrados 558 delitos antissemitas, no segundo trimestre, 609, e no terceiro, 540. Esses números incluem todos os delitos, tanto motivados pelo extremismo de esquerda como de direita e os classificados como motivados por "ideologia religiosa" ou "ideologia estrangeira".

Os mais de 1.100 delitos desde o início de outubro, por outro lado, são apenas aqueles registrados em conexão com o conflito no Oriente Médio. Portanto, é provável que o número total seja significativamente maior. Até novembro de 2023, um total de 2.874 delitos antissemitas haviam sido registrados no período de um ano, incluindo 88 atos de violência.

Há alguns dias, o presidente do BKA, Holger Münch, falou sobre a nova dimensão dos crimes antissemitas ao jornal suíço Neue Züricher Zeitung. Em particular, ele se referiu ao antissemitismo "importado". "Muitas pessoas vieram para o nosso país de regiões onde Israel é considerado um inimigo e onde prevalece a ideia de que os judeus devem ser combatidos", disse Münch. "Esse antissemitismo importado do exterior deve ser identificado e combatido, acrescentou.

Embaixador pede atenção à educação dos jovens

Prosor considera prioritário que sejam tomadas medidas nas escolas alemãs, para que lacunas no ensino sobre o tema sejam eliminadas. "Temos um problema real com os jovens. Quanto mais jovens são as pessoas, mais alienadas elas estão em relação a Israel", disse. "Temos uma tarefa aqui, temos que oferecer uma educação melhor sobre Israel nas escolas, por exemplo."

O embaixador de Israel enfatizou que o aumento do antissemitismo não é um problema puramente alemão, "mas é ainda mais importante mudar isso na Alemanha do que em qualquer outro lugar." "Quando coquetéis molotov são lançados para incendiar sinagogas, não se pode reagir apenas com palavras, é preciso tomar medidas práticas", afirmou.

O diplomata também pediu vigilância em relação a possíveis ataques terroristas na Alemanha. Em meados de dezembro, quatro supostos membros do Hamas islâmico foram presos em Berlim e Roterdã, na Holanda. Os três suspeitos de Berlim – um egípcio e dois libaneses – são acusados pela Promotoria federal de procurar armas que seriam mantidas de prontidão para possíveis ataques a instituições judaicas na Europa.

"Acredito que as autoridades alemãs estão cientes do perigo. Devemos permanecer vigilantes porque o terrorismo internacional está constantemente se armando", alertou Prosor. "O Estado de direito deve estar sempre um passo à frente dos terroristas." O Hamas é listado como uma organização terrorista por Israel, pela UE, pelos EUA e por alguns países árabes.

bl (dpa)

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