Devem ser ouvidos nesta terça-feira (6) os três policiais rodoviários federais envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, durante abordagem na cidade de Umbaúba, em Sergipe. A informação foi divulgada pelos advogados que representam a família da vitima.
As audiências do processo criminal do caso acontecem desde o dia 22 deste mes, em Estância, Interior de Sergipe. No último dia 29, foram finalizadas as oitivas com as testemunhas de defesa.
A vítima morreu asfixiada, em maio deste ano, após ter sido trancada no porta-malas de um carro da PRF e inalado gás lacrimogêneo.
Os agentes Kleber Nascimento Freitas, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia estão presos preventivamente desde o dia 14 de outubro.
Eles respondem por abuso de autoridade e homicídio qualificado, quando há intenção de matar e impossibilidade de defesa da vítima.
O relatório final da investigação foi encaminhado ao MPF (Ministério Público Federal), no dia 26 de setembro.
O inquérito da morte de Genivaldo chegou a ser prorrogado três vezes a pedido da PF (Polícia Federal) de Sergipe, que disse à época, não ter recebido os laudos do IML e do Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília.
Câmara de gás
Genivaldo morreu depois que agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fizeram uma “câmara de gás” em uma viatura e o trancaram dentro, na BR-101, no município de Umbaúba, no Litoral de Sergipe, nessa quarta-feira (25). A vítima teria esquizofrenia.
O IML (Instituto Médico-Legal) informou que análise preliminar aponta que o homem morreu por asfixia. “Vítima teve como causa mortis insuficiência aguda secundária a asfixia”, diz, em nota.
Imagens gravadas por pessoas que assistiram à ação foram compartilhadas em redes sociais e mostram a vítima sendo algemada no chão e colocada pelos agentes no porta-malas da viatura. De dentro do carro sai fumaça.
Testemunhas contaram que os agentes jogaram uma bomba de gás de pimenta dentro do veículo no intuito de conter o homem, que estava em surto.
Genivaldo chegou a ser socorrido, segundo a PRF. Ele teve a morte confirmada pelo hospital de Umbaúba. A corporação afirmou em nota que abriu um procedimento disciplinar para averiguar a conduta dos policiais envolvidos.
O texto afirma que “técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo” foram empregados para conter Santos que, segundo a PRF, estava agressivo.
Esposa
O corpo de Genivaldo foi velado em 26 de maio no povoado Mangabeira, em Santa Luzia do Itanhy, na casa da mãe dele.
Emocionada, a esposa, Maria Fabiana dos Santos, disse em entrevista à Rádio BandNews FM que o marido “nunca fez mal a ninguém”. Ele era pai de um filho de 7 anos.
Sempre fez questão do tratamento dele. Sempre fez questão de ir ao médico, de tomar a medicação certinha. Nunca teve problema, tinha uma vida normal. Era uma boa pessoa. Um bom marido, um bom pai, um bom amigo. Nunca fez mal a ninguém.
Remédios
A vítima teria sido abordada pelos agentes quando pilotava uma motocicleta. As pessoas que viram a abordagem disseram que ele portava cartelas de remédios e que os agentes foram informados de que se tratava de um homem com transtorno mental.
Os policiais ignoraram os apelos das pessoas que diziam que Genivaldo iria morrer se fosse mantido na “câmara de gás”.
Antes de ter as pernas amarradas e de ter sido colocado no porta-malas, o homem foi alvo de spray de pimenta.
Outra tortura
O MPF (Ministério Público Federal) em Sergipe denunciou os policiais rodoviários federais Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia, pelo crime de tortura contra dois jovens em 23 de maio, dois dias antes de terem participado da ação que terminou com a morte de Genivaldo, na cidade de Umbaúba (SE).
Segundo o MPF, os agentes praticaram violência física e psicológica contra dois jovens como castigo por eles não terem obedecido a ordem de parada e fugido ao avistarem a viatura policial. A denúncia foi protocolada em 24 de outubro.